Quer tenha assinado a petição para repetir a oitava temporada e atirar os argumentistas David Benioff e D. W. Weiss aos dragões, quer tenha delirado com o final de Game of Thrones, uma coisa é certa: esta é a primeira segunda-feira sem a série baseada na obra de George R.R. Martin e não há forma fácil de passar por ela.

Por isso mesmo, e para atenuar o sofrimento dos fãs, o jornal espanhol El País reuniu 10 detalhes que muito provavelmente passaram despercebidos aos olhos dos que a semana passada viram o final da série lançada em 2011.

Se ainda não viu “O Trono de Ferro”, este é o momento para parar de ler. Se viu e já está a morrer de saudades, prossiga à vontade.

Robin Arryn cresceu

Quem o viu na primeira temporada, a ser amamentado pela mãe, Lysa Arryn, e a exigir que Tyrion fosse atirado do Ninho da Águia, aos gritos histéricos de “Façam o homem mau voar!” (sim, aos 8 anos o pequeno e enfermiço Robin Arryn ainda bebia leite materno), terá tido dificuldades em reconhecê-lo.

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O primo dos Stark cresceu e, na qualidade de senhor do Vale, teve direito a um assento na reunião onde se escolheu o novo governante dos Sete, perdão, Seis Reinos. A mudança foi tão drástica que, na Internet, já há quem se refira a Robin Arryn como o  Neville Longbottom de Guerra dos Tronos — também Matthew Lewis, o ator que interpretou no cinema o personagem de Harry Potter, cresceu ao estilo Patinho Feio, ao longo da saga.

Oito anos passados, o ator de origem brasileira Lino Facioli tem agora 18. Nem ele estava à espera da reação dos fãs ao seu reaparecimento na série: “Ganhei mais seguidores numa noite do que em todo o tempo que tenho Instagram”, admitiu ao site BuzzFeed News. “Na verdade limitei-me a rir e a agir da forma mais humilde possível. Nunca soube como reagir a elogios. Adoro-os mas sempre fiquei tipo, como reagir? Não sei mesmo o que fazer mas estou a gostar, estou mesmo.”

Cumpre-se a profecia de Daenerys

Na segunda temporada, em Qarth, os três dragões ainda bebés de Daenerys são raptados e ela vê-se, como que por artes mágicas, no interior da Casa dos Imortais, num subterrâneo circular cheio de portas. De cada vez que abriu uma delas, sempre com guinchos de dragões em fundo, Daenerys teve uma alucinação.

Chegou a rever Khal Drogo e o filho de ambos, que nunca chegou a nascer, mas a alucinação que teve numa sala do trono destruída, no meio da neve, é que está a ser referida pelos fãs da série como a profecia final escondida durante anos à vista de todos.

Tal como na visão que teve na segunda temporada, também no final de Guerra dos Tronos Daenerys Targaryen vê o trono vazio num cenário de total destruição e não chega a sentar-se nele, nem a ser coroada rainha dos Sete Reinos.

Brienne acabou de escrever a biografia de Jaime mas não foi por amor

Aos mais distraídos (ou menos fanáticos) a parte do episódio em que Brienne pega na pena e termina a história de Jaime Lannister no Livro Branco pode ter soado um tanto ou quanto lamechas, um último ato de amor ou devoção, depois de se ter finalmente entregado ao amor, apenas para acabar por ser deixada por Cersei.

Nada disso: era obrigação de Brienne, na qualidade de Comandante da Guarda Real do novo rei, acabar de escrever a biografia de Jaime no livro onde se contam os feitos dos cavaleiros que nos últimos três séculos serviram os reis dos Sete Reinos. E foi o próprio Jaime quem, no quarto episódio da quarta temporada, explicou isso mesmo a Brienne.

A citação repetida (duas vezes)

Jon Snow disse-o a Tyrion Lannister, na última conversa que tiveram antes da morte de Daenerys: “O amor é a morte do dever”. “E, às vezes, o dever é a morte do amor”, respondeu-lhe o anão.

A frase é tudo menos inédita: Aemon Targaryen, mestre de Castelo Negro, proferiu-a duas vezes ao longo da série. Primeiro em conversa com o próprio Jon Snow, depois com Samwell Tarly.

“Alguns anos como Mão do Rei farão qualquer um ter vontade de mijar desde a borda do mundo”

No final da primeira temporada, Tyrion e Jon, ambos sem qualquer tipo de pilosidade facial, despedem-se no cimo da Muralha: o primeiro vai regressar a King’s Landing, o outro permanecer na Patrulha da Noite, a proteger Westeros do Inverno que se aproxima. Para comemorar a ocasião, Tyrion satisfaz um desejo que há muito acalentava: urinar lá de cima.

No sexto episódio da oitava temporada há uma piscadela de olho a essa cena, quando a dupla se despede, desta vez aparentemente para sempre, diz Snow, condenado mais uma vez a partir para a Muralha, desta feita pelo assassinato da tia e amante, Daenerys Targaryen. “Não teria tanta certeza disso”, responde Tyrion. “Alguns anos como Mão do Rei farão qualquer um ter vontade de mijar desde a borda do mundo.”

A dança das cadeiras de Tyrion

Na terceira temporada Joffrey Baratheon era quem se sentava no trono de ferro e Tywin Lannister, seu avô, era a Mão do Rei. Num dos episódios, houve uma reunião do Conselho real e um embaraçoso jogo de cadeiras, com Cersei, ainda de cabelos longos, a sentar-se ao lado direito do pai, e Tyrion, o filho enjeitado, a arrastar ostensivamente a sua cadeira para o afrontar.

Agora, no final da série, Tyrion, Mão do Rei Bran, aparece a compor a sala antes da primeira reunião do Conselho do novo monarca, arrumando com cuidado cada uma das cadeiras dispostas em torno da mesa.

A referência não escapou aos fãs mais atentos. Um deles publicou no YouTube uma montagem de 59 minutos e 42 segundos a que chamou “Tyrion arrasta cadeiras durante uma hora”.

O simbolismo de Sansa, Queen in the North

Nada terá sido deixado ao acaso na coroação de Sansa Stark, Rainha do Norte. As escamas nas mangas do vestido que usou representam o peixe alusivo à Casa Tully, de Correrio, a que pertencia Catelyn Stark; o padrão entrelaçado no peito e o estampado da saia são uma referência aos represeiros, as árvores que existiam em todo o Westeros no tempo dos Primeiros Homens e das Crianças da Floresta e que com as primeiras invasões dos vândalos só não foram arrancadas no Norte.

https://www.youtube.com/watch?v=mBwed1AMxOE

O leão nos créditos

Nos cinco primeiros episódios da temporada o leão da Casa Lannister aparecia nos créditos iniciais da série sob o trono de ferro — ao minuto e 31 segund

Antes do último episódio o leão já não surgiu no genérico, mas o lobo da Casa Stark não apareceu no lugar dele, para não estragar o final aos fãs mais perspicazes.

Adeus inverno, olá primavera

Depois de 73 episódios de frio e de inverno a caminho, eis que no final de Guerra dos Tronos brotaram da terra as primeiras folhas verdes, símbolo de uma nova era, justamente na cena em que Jon Snow se aproxima de Castelo Negro. A Dream of Spring, Um Sonho de Primavera, é o título do próximo livro de George R. R. Martin, ainda por publicar.

Mais um plano duplicado para acabar

No piloto da série, os homens da Patrulha da Noite passaram para lá da Muralha para encontrarem uma morte especialmente dolorosa. Agora, no último episódio, Jon Snow e os Selvagens fazem o mesmo mas não há medo, apenas liberdade: o Night King está morto.