A ex-apresentadora televisiva Monica Semedo, filha de imigrantes cabo-verdianos no Luxemburgo, e a vereadora da capital Isabel Wiseler-Lima, descendente de portugueses, foram eleitas para representar o Grão-Ducado no Parlamento Europeu.
Monica Semedo, que tinha falhado a eleição para o Parlamento luxemburguês nas últimas legislativas, em outubro, foi agora a segunda eurodeputada eleita pelo partido liberal (DP), do primeiro-ministro Xavier Bettel, o grande vencedor destas eleições, conquistando mais um mandato do que em 2014.
A antiga estrela televisiva da RTL esteve na origem de um dos casos controversos da campanha, depois de o ADR, um partido anti-estrangeiros, ter colado o ‘slogan’ “não à imigração ilegal” por baixo de um dos seus cartazes, embora o partido nacionalista tenha defendido ao Contacto, jornal português no Luxemburgo, que se tratou de “um acaso”.
Já nas últimas legislativas os cartazes de campanha de Monica Semedo tinham sido vandalizados em Grevenmacher, a localidade onde cresceu.
Monica Semedo nasceu no Luxemburgo em 1984, filha de imigrantes cabo-verdianos de Santa Catarina, que chegaram ao país no início dos anos 1970.
A mais nova de cinco irmãs participou num concurso de escolas com três anos, gravando um disco, e começou a apresentar um programa infantil no canal de televisão RTL com apenas 12 anos.
Com dois anos, ela e as irmãs foram colocadas num lar para crianças, onde acabariam por ficar durante cinco anos.
O pai, professor em Cabo Verde, trabalhou nas obras no Luxemburgo e morreu num acidente de viação quando Semedo tinha nove anos.
As cinco irmãs foram criadas pela mãe, que trabalhou nas limpezas.
Monica Semedo é licenciada em Ciências Políticas pela Universidade de Trier, na Alemanha, onde defendeu uma tese sobre as negociações do segredo bancário no Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin).
Em 2015, foi nomeada embaixadora da organização não-governamental Aldeias de Crianças SOS, que tem projetos em Cabo Verde.
Após ter falhado a eleição nas últimas legislativas, foi nomeada responsável de comunicação da agência governamental “Luxembourg for Finance”, cargo que ocupa atualmente.
Isabel Wiseler-Lima, a cabeça de lista dos cristãos-sociais (CSV) às europeias, é uma dos dois eurodeputados que o partido do antigo primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker elegeu, menos um do que nas eleições anteriores.
A lusodescendente nasceu em Portugal em 29 de dezembro de 1961 e veio para o Luxemburgo com três anos.
Licenciada em Literaturas Modernas pela Sorbonne, em 1984, e professora de francês, é casada com o deputado Claude Wiseler, ex-ministro nos dois últimos Governos de Juncker e candidato a primeiro-ministro derrotado nas últimas legislativas, com quem tem três filhos.
Isabel Wiseler-Lima é membro do CSV desde 1985, tendo sido eleita pela primeira vez para cargos políticos em 2005, como conselheira comunal da capital (o equivalente a deputada municipal).
Atualmente, é vereadora na autarquia da cidade do Luxemburgo, com os pelouros da Habitação, Integração e Política Social.
O Luxemburgo elege seis eurodeputados, contando atualmente dois do partido cristão-social (CSV, na sigla em luxemburguês), dois do partido liberal (DP), um do partido socialista (LSAP) e um dos Verdes (Déi Gréng).
Com 21,44% dos votos, o partido do primeiro-ministro Xavier Bettel, representado por Monica Semedo, foi o mais votado nestas eleições europeias, conquistando dois mandatos (mais um do que nas eleições anteriores, em 2014).
O CSV, liderado pela lusodescendente Isabel Wiseler-Lima, obteve 21,1%, perdendo um dos três eurodeputados.