Paulo Sousa, antigo técnico do Basileia que está hoje nos franceses do Bordéus, não teve dúvidas depois de trabalhar com Yoann Sommer: o suíço era um dos cinco melhores guarda-redes do mundo. E a verdade é que, quando chegamos a fases finais de grandes provas, lá está a imagem do helvético sempre presente como um dos destaques da competição (e “só” tem 30 anos). Contra Portugal, o número 1 teve daqueles jogos que qualquer especialista na baliza mais teme: em três remates enquadrados feitos pelo mesmo jogador (Cristiano Ronaldo), sofreu outros tantos golos. Esta tarde, em Guimarães, tudo foi diferente.

Inglaterra vence Suíça nos penáltis e fica com a medalha de bronze na Liga das Nações

Começou com uma defesa a remate de Sterling, continuou com um ligeiro desvio que evitou um autogolo de Schär, teve como momento alto uma jogada na primeira parte do prolongamento em que arrancou duas intervenções impossíveis qual delas a mais difícil. Com um novo sistema tático em relação ao encontro de quarta-feira, a Suíça teve uma exibição curta que manteve tudo em aberto até ao desempate nas grandes penalidades por obra e graça de Sommer, um guarda-redes com capacidades humanas que teve nos postes mais dois braços para evitar o inadiável. Depois, entrou em campo Jordan Pickford, o especialista nas grandes penalidades que no Mundial de 2018 andava sempre acompanhado por uma cábula na garrafa de água.

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Pickford: o herói inglês que pode ter sido ajudado por uma garrafa de água

Com Harry Kane a acertar na trave logo no segundo minuto de jogo, naquele que poderia ter sido o golo desta Final Four da Liga das Nações por convicção ou fortuna (pareceu ter tentado o chapéu mas já vimos muitos laterais ou alas marcarem dessa forma e admitirem depois que queriam apenas cruzar para a área), a Inglaterra não demorou a deixar uma cartão de visita para a partida onde Gareth Southgate promoveu um autêntica revolução no onze (ficaram Pickford, Maguire, Delph e Sterling). Freuler, à passagem dos dez minutos, ainda teve uma tentativa de meia distância para defesa mais apertada do guarda-redes do Everton mas a equipa de Petkovic denotou dificuldades para dar profundidade ao seu ataque num novo sistema de 3x4x3.

Sterling, no seguimento de uma grande assistência de Harry Kane à entrada da área quando até podia ter tentado rodar para visar a baliza, viu Sommer fazer a primeira das muitas intervenções que foram mantendo o nulo aos 18′, quando o avançado do City surgiu em boa posição descaído na esquerda mas atirou à figura. Ainda antes do intervalo, Dele Alli, surgindo de trás ao segundo poste após cruzamento de Alexander-Arnold na direita, cabeceou bem mas a rasar a trave dos helvéticos. Apesar do domínio na posse, na eficácia de passe e nos remates, os britânicos não conseguiam desmontar a defesa contrária.

No segundo tempo, e numa imagem que já tinha aparecido mas que se voltaria a repetir mais tarde, a Inglaterra voltou a ver a bola a embater no poste da baliza de Sommer, de novo com muito mérito do guarda-redes helvético que, depois do cruzamento de Danny Rose da esquerda com desvio infeliz de Schär para a própria baliza, conseguiu ainda dar um ligeiro toque e evitou aquilo que aparentava ser um golo (ou autogolo) certo (54′). Apenas dois minutos depois, na melhor jogada coletiva ao longo de 120 minutos, Shaquiri surgiu com espaço na direita, cruzou atrasado e Xhaka, na passada, obrigou Pickford a defesa apertada. Com o passar dos minutos, Edimilson e Shaquiri, que estiveram sempre muito apagados no apoio a Seferovic, saíram por lesão mas os helvéticos em nada melhoraram nesse particular, sendo o conjunto de Southgate a ficar de novo mais perto do golo… ou mesmo a marcar: Wilson, que entrara para o lugar de Kane, ainda fez o 1-0 numa recarga ao remate de Dele Alli na área que voltou a acertar no poste (após uma grande jogada de Sterling) mas o golo foi bem anulado pelo VAR (84′).

Tal como já tinha acontecido na passada quinta-feira com a Holanda, a Inglaterra voltou a seguir para prolongamento com um golo anulado nos últimos dez minutos mas, ao contrário do que aconteceu na meia-final, não quebrou – nem cometeu erros na construção a partir de trás, apesar de não ter abdicado desse princípio de jogo. E só não ganhou mesmo nessa fase o encontro porque Sommer foi ainda mais gigante do que estava a ser até esse momento, defendendo primeiro um cabeceamento à queima-roupa de Dele Alli na área e também a recarga de Sterling, sozinho na pequena área (99′). As forças já não eram as mesmas mas era dos ingleses que ia surgindo perigo, com uma quarta bola na trave por Sterling, de livre direto (117′). Tudo ficaria adiado para o desempate nas grandes penalidades, com Pickford a vestir o papel de herói ao apontar a quinta tentativa de Inglaterra sem luvas e a travar a tentativa de Drmic depois da série inicial de cinco castigos máximos, carimbando o 6-5 final que, além do terceiro lugar nesta Liga das Nações, garantiu um milhão de euros a mais para a Federação Inglesa de Futebol (a diferença entre os 3,5 milhões de prémio para o último lugar no pódio e os 2,5 milhões para o quarto classificado).