A vida amorosa de Boris Johnson, que está na corrida para suceder a Theresa May e tornar-se primeiro-ministro do Reino Unido, voltou a estar debaixo de holofotes. Esta sexta-feira à noite, a polícia foi chamada à casa onde vive com a namorada, Carrie Seymonds, depois de um vizinho ter ouvido gritos, ofensas e pratos partidos. Os ânimos serenaram e, este sábado, num evento de campanha, o candidato à liderança do Partido Conservador recusou por “meia dúzia de vezes” responder às questões sobre o incidente, alegando que “as pessoas [os militantes e eleitores, presentes na sala] não querem ouvir nada sobre isso”. “A não ser que eu esteja errado, mas acho que preferem ouvir sobre os meus planos para o país e para o partido”, disse.
Polícia chamada à casa de Boris Johnson durante a noite devido a discussão com a namorada
Mas a verdade é que a vida amorosa do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, que se demitiu no ano passado em confronto com a estratégia seguida por Theresa May para o Brexit, tem estado envolvida em polémicas que ganham repercussão nos media e, consequentemente, passam para o domínio público. Divorciado duas vezes, Boris Johnson já teve pelo menos, de acordo com o Daily Mail, cinco casos extra-conjugais e já engravidou duas amantes. O caso mais recente foi a relação que manteve no ano passado com Carrie Symonds, 31 anos, então assessora do Partido Conservador, e que levou a sua mulher Marina Wheeler a pedir o divórcio quando, em setembro passado, a relação foi tornada pública. Os dois vivem atualmente num apartamento no sul de Londres, e foi aí que a polícia foi chamada na noite passada depois de os vizinhos terem reportado o incidente.
Segundo o Daily Mail, Boris Johnson, que em tempos classificou os rumores sobre as suas traições como “uma pirâmide invertida de disparates”, começou por casar em 1987 com a namorada da faculdade, Allegra Mostyn-Owen, mas viria a divorciar-se em 1993 depois de a ter traído com Marina Wheeler — com quem casaria a seguir. Seguir-se-iam vários casos, tornados mais ou menos públicos, mas só no ano passado Marina pediria o divórcio. Em 2004, contudo, foi revelado um dos seus casos mais longos, com a jornalista Petronella Wyatt, filha do trabalhista Lord Wyatt, que revelaria anos mais tarde ter feito um aborto e ter sofrido, depois, um segundo aborto espontâneo.
Na altura, o facto de ter mentido sobre a relação que mantinha abalou a sua vida política, tendo sido afastado do cargo de ministro-sombra para as Artes pelo então líder do Partido Conservador Michael Howard. A justificação de Howard foi de que se tratava de uma questão “moral” que afetava, por isso, a sua função política.
Os rumores, contudo, não pararam. Dois anos mais tarde, os tablóides britânicos davam como certa a sua relação com a jornalista Anna Fazackerley, e um ano depois, Johnson assumiu a paternidade do filho de Helen Macintyre, uma consultora de arte. Por essa altura, Marina Wheeler, mãe dos seus quatro filhos mais velhos (com 26, 23, 21 e 19 anos respetivamente), pô-lo fora de casa algumas vezes, mas Johnson e Wheeler continuaram casados até ao ano passado.
Em 2016, ainda segundo o Daily Mail, a jornalista Petronella Wyatt, com quem teve um caso que durou mais de quatro anos, confidenciou que Boris Johnson vê a monogamia pelos padrões orientais e não compreende a reação mediática aos casos que mantém com várias mulheres. “Ele é muito orgulhoso da sua ascendência turca e os seus pontos de vista sobre assuntos como a monogamia são decididamente orientais“, disse Wyatt a dada altura. Segundo a ex-amante, Johnson ter-lhe-á confidenciado mesmo que não acha “genuinamente razoável um homem estar confinado a uma só mulher”.
Política Vs. caráter. “Ninguém quer saber disso”?
Desde setembro do ano passado que a relação entre Boris Johnson e a então diretora de comunicação dos tories, Carrie Symonds, é oficial. Os dois dividem-se entre o apartamento da especialista e comunicação política em Londres e a casa de Johnson em Oxfordshire, mas tudo indica que a ideia é mudarem-se, os dois, para o número 10 de Downing Street se Boris Johnson ganhar a corrida contra Jeremy Hunt para suceder a Theresa May na liderança dos conservadores e tornar-se assim primeiro-ministro do Reino Unido.
Apesar dos 23 anos que os separaram, há quem diga que a relação está a fazer bem ao ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e defensor do Brexit até do ponto de vista político — é Carrie Symonds que sugere ideias para os seus discursos e para os artigos que escreve nos jornais, instando-o a defender causas mais liberais como a luta contra o plástico nos oceanos e a luta contra a mutilação genital feminina, conta o Daily Mail.
Boris Johnson, contudo, recusa-se a falar da sua vida privada — e em particular do facto de a polícia ter sido chamada à casa onde vive com a agora namorada. Este sábado, segundo o The Guardian, num evento de campanha na presença de militantes conservadores e potenciais eleitores, transmitido na televisão, o jornalista Iaun Dale questionou-o “meia dúzia de vezes” sobre o tema, e de todas as vezes o candidato a primeiro-ministro rejeitou responder. “Não acho que as pessoas queiram ouvir-me sobre esse tipo de coisas. Posso estar errado, mas acho que querem é ouvir-me sobre os meus planos para o país e para o nosso partido”, começou por dizer.
Mas o jornalista insistiria: “Se a polícia é chamada a sua casa, isso passa a ser do interesse de toda a gente. Além de que está a candidatar-se não só a líder do Partido Conservador como a primeiro-ministro, por isso, muitas das pessoas que admiram as políticas que defende devem estar agora a questionar-se sobre o seu caráter, pelo que acho importante responder à questão”.
O parlamentar dos tories ainda admitiu que as pessoas tinham o direito a questionar-se sobre o seu caráter mas não justificou o incidente. E questionado sobre se a vida privada pode de algum forma influenciar a capacidade de uma pessoa ser primeiro-ministro, Boris Johnson voltou a fugir: “A maior parte das pessoas prefere julgar as minhas ambições, o meu caráter e o meu programa em função daquilo que faço no cargo que ocupo”. A verdade é que a plateia de militantes estava do lado de Boris Johnson e começou a vaiar a insistência do jornalista.
Numa gravação feita pelo vizinho que chamou a polícia, na sexta-feira à noite, ouve-se Carrie Symonds a gritar a Johnson “larga-me” e “sai do meu apartamento”, ouvindo-se também Johnson a gritar à namorada que largue o seu computador. “Tu não te preocupas com nada porque és um mimado. Não te preocupas com dinheiro nem com nada”, terá dito ainda a namorada.
Depois de eliminados os candidatos um a um, Boris Johnson está na corrida à liderança dos conservadores contra Jeremy Hunt, que curiosamente o sucedeu nos Negócios Estrangeiros quando este se demitiu. É Boris Johnson que segue na pole position, estando neste momento a 22 pontos de Hunt segundo uma sondagem revelada pelo Telegrah, prevendo-se que venha mesmo a ser o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.
Jeremy Hunt vai ser o concorrente de Boris Johnson na corrida a primeiro-ministro