O CDS quer fazer “uma verdadeira revolução na formação profissional”, por entender que atualmente a formação profissional não está alinhada com as necessidades das empresas, nem está preparada para a transformação do mercado de trabalho por via da economia digital. É a quarta medida lançada pelo CDS para o programa eleitoral, que os centristas estão a revelar semanalmente, uma a uma.

Segundo explicou ao Observador Adolfo Mesquita Nunes, o objetivo é contornar o atual contexto do mercado de trabalho, onde “a indústria exportadora quer mão de obra qualificada mas não a consegue encontrar” porque a formação profissional não está adequada às suas necessidades. Assim sendo, os centristas querem que a formação profissional deixe de estar orientada para as qualificações académicas, como atualmente está, e passe a estar orientada para a “capacitação das pessoas” em função das necessidades reais do mercado da economia — saindo do seu atual estado de “abstração”.

Ou seja, quer que a formação profissional se faça com base na procura e não com base na oferta. Para isso, os centristas querem apostar nos centros de formação e nos centros de formação protocolar que já existem atualmente, mas quer reformulá-los de forma a que os centros “formem os recursos humanos qualificados de que a indústria exportadora hoje necessita”, segundo se lê na proposta.

Mais: o CDS quer pôr os centros de formação profissional em concorrência uns com os outros, através da criação de rankings de empregabilidade, para melhorar a oferta, propondo que o financiamento de cada centro seja feito em conformidade com o lugar em que se encontra no ranking de empregabilidade. E quer criar um cheque-formação, para que os formandos tenham mais liberdade de escolha no seu percurso formativo, bem como que as empresas tenham mais liberdade na escolha dos módulos de formação que serão incluídos nos programas de formação.

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A economia digital também não é deixada de lado, com os centristas a proporem que se crie uma “Via Digital”, uma modalidade de formação direcionada para a economia digital, defendendo que, numa altura em que caminhamos para a distruição dos postos de trabalho tal como hoje os conhecemos, é imprescindível que os recém-formados estejam devidamente adaptados às novas tecnologias.

Segundo Adolfo Mesquita Nunes, a proposta dos centristas não envolve qualquer “aumento de despesa”, tratando-se apenas de uma questão de “reorganização administrativa”. Os centristas querem, contudo, que as cativações na área da formação profissional sejam proibidas e que os fundos para a formação prossional não possam ser “desviados para financiar a falta de recursos das escolas públicas”, como o CDS diz que acontece atualmente.

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Esta é já a quarta medida que os centristas apresentam no âmbito da divulgação do seu programa eleitoral para as legislativas, depois de terem divulgado propostas para a Saúde (reencaminhar doentes para hospitais privados de forma a diminuir as listas de espera no SNS, e alargar ADSE a trabalhadores do privado), bem como para o Fisco, propondo que se evite abusos pelo menos enquanto decorrem os prazos para reclamações.