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Casal detido por deixar filha de 3 anos sozinha durante 14 horas em casa em Lisboa

Este artigo tem mais de 5 anos

A criança foi deixada sozinha numa varanda durante mais de 14 horas. Chegados ao local, os pais foram confrontados pela PSP. Estavam "visivelmente" embriagados. A criança foi institucionalizada.

Os pais foram presentes a tribunal, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de termo de identidade e residência
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Os pais foram presentes a tribunal, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de termo de identidade e residência

RODRIGO ANTUNES/LUSA

Os pais foram presentes a tribunal, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de termo de identidade e residência

RODRIGO ANTUNES/LUSA

O alerta foi dado por vizinhos que, preocupados com um choro compulsivo que ouviam há horas, rapidamente saíram à rua para perceber o que se passava. O choro vinha de uma criança que estava sozinha numa varanda, numa habitação na freguesia da Estrela, em Lisboa. Eram cerca de 3h00 da madrugada de sábado, 24 de agosto.

A criança de 3 anos estava ali há 14 horas — foram os próprios pais, de 27 e 28 anos, a admiti-lo antes de perceberem que iam ser detidos pela PSP, segundo contou fonte desta força de segurança ao Observador. O casal de nacionalidade ucraniana responde agora por um crime de exposição ou abandono de uma criança. A filha foi institucionalizada.

O resgate foi feito com a ajuda dos Bombeiros Sapadores de Lisboa. “Sem conseguir contactar os moradores da habitação, os polícias acionaram meios para entrarem na habitação e retirar a criança, visto estar em perigo a sua integridade física”, explica o Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da PSP, num comunicado divulgado esta segunda-feira. Assim, os polícias da esquadra da freguesia da Estrela entraram na casa pela própria varanda, com o auxílio dos bombeiros.

A família não é residente em Portugal e “estaria cá só por alguns dias” — embora não se saiba, para já, se em férias, se em trabalho. O local onde a menina foi encontrada seria, portanto, um “alojamento temporário”. “Não sabemos há quantos dias estavam em Portugal”, acrescenta a fonte da PSP, detalhando que a intenção era voltar ao país de origem.

Criança conseguiu explicar à PSP que “não sabia bem há quanto tempo estava ali”

Já em contacto com a criança, “visivelmente assustada”, em “choro compulsivo“, os polícias verificaram que “não tinha acesso a alimentos ou água e apresentava uma coloração encarnada na face”, indicando “que esteve exposta à radiação solar na varanda”. 

Um dos polícias percebia um pouco da língua. A menina disse que não sabia bem há quanto tempo estava ali, mas há muitas horas que não comia nem bebia nada”, disse fonte da PSP ao Observador.

Embora estivesse na varanda, a criança não estava ali fechada, tendo acesso ao interior da residência — local onde também não havia “comida nem bebida preparada”. “Não conseguimos apurar se [os pais] deixaram a porta aberta propositadamente ou se foi a criança que a conseguiu abrir”, explica fonte da PSP, adiantando que a varanda tinha seis metros de altura do chão e “seria relativamente fácil conseguir saltar e cair”. A criança foi levada depois para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e, após ter alta hospitalar, “foi encaminhada para uma casa de abrigo, onde se encontra institucionalizada até ao momento”, lê-se no comunicado.

Pais chegaram pouco depois “visivelmente” embriagados

Os pais chegaram ao local pouco depois, ainda antes das 4h00, “visivelmente” embriagados e foram confrontados pelos elementos da PSP que ali tinham ficado a aguardar que o casal chegasse. Admitiram que tinham deixado a filha sozinha, “desde a hora de almoço de sexta-feira, entre as 12h00 e as 13h00”, mas “não deram uma explicação” para o terem feito, conta a mesma fonte policial.

Confrontados com os factos, admitiram ter deixado a criança sozinha na habitação desde o início da tarde de 23 de agosto [sexta-feira], durante cerca de 14 horas”, lê-se ainda no comunicado.

Este foi, no entanto, o único dado que forneceram. “A partir do momento em que tomaram conhecimento que iriam ser detidos, deixaram de colaborar connosco e não deram qualquer outra informação”, disse a mesma fonte da PSP, adiantando que o casal adotou depois uma postura de indignação face à detenção.

Os detidos foram presentes na Instância Criminal do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de termo de identidade e residência. Segundo informação desta fonte policial ao Observador, este casal não tem antecedentes criminais em território português. Não foi possível ainda apurar se existem no seu país de origem, a Ucrânia.

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