Uma coligação de ambientalistas fez queixa de Portugal à Comissão Europeia por falta de proteção às aves no Alentejo, que afetou espécies como o sisão, cuja população caiu para metade em dez anos.
A queixa da coligação C6 seguiu esta semana para Bruxelas, afirmam em comunicado, especificando que se trata de Portugal “não cumprir a legislação europeia e os seus compromissos em pelo menos 14 Zonas de Proteção Especial para as Aves no Alentejo”.
O diretor da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Domingos Leitão, considerou que foram “decisões e omissões dos ministérios do Ambiente e da Agricultura” que levaram os agricultores para “opções ilegais de intensificação da exploração e alteração drástica da paisagem”, como acontece no “olival intensivo” da zona de Torre da Bolsa e o aumento de regadio em Campo Maior e de estufas na costa sudoeste.
Do lado do Ambiente, fez-se “vista grossa à intensificação do uso agrícola dentro e fora” das zonas de proteção, acusam os ambientalistas, que apontam que o Ministério da Agricultura investiu “368 milhões de euros em novas barragens, regadios e drenagens” em vez de aplicar dinheiro em “medidas específicas” para manter a paisagem agrícola de “mosaicos de sequeiro e pastagens”.
“Agora só há uma solução, suspender todos os novos regadios no Alentejo e repor a situação nas Zonas de Proteção Especial afetadas”, defendeu. Os ambientalistas acusam o Estado de não promover “a correta gestão e conservação das espécies e habitats, para as quais dispunha de financiamento europeu”, e de ainda aplicar “medidas com fundos europeus que foram prejudicar as espécies e habitats que estas zonas deviam proteger”.
Espécies como o sisão, a abetarda, o francelho e o rolieiro estão “em declínio acentuado” há dez anos, agravando o que já era uma situação “tão preocupante” que aquelas espécies são consideradas “prioritárias a nível europeu” e alvo de financiamento por fundos europeus.
A C6 incluiu, além da SPEA, o GEOTA, FAPAS, LPN, Quercus e WWF.