Muitos já terão ouvido falar da famosa Dieta Mediterrânica mas poucos, provavelmente, conseguirão enumerar os fatores que a podem transformar em algo que vá para lá das nossas mesas. A comida é muito mais que uma simples fonte de nutrientes ou prazer — é um canal que veicula cultura, inovação, ciência ou economia — e foi com isto em conta que oito países mediterrânicos (Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Chipre, Eslovénia e Croácia) decidiram juntar-se e criar o programa europeu Medfest, uma iniciativa que pretende unir esforços de forma a potencializar a tal Dieta Mediterrânica e transformá-la numa rota turística que valoriza cultura, economia e sustentabilidade.

Há poucos dias, na Universidade de Faro reuniram-se 22 “players” dos setores público e privado da região do Algarve em torno da conferência  “Reflexões Sobre Turismo Económico Sustentável” e esta quinta-feira, 5 de setembro (dura todo o dia), na Pousada de Tavira, surge nova reunião, a Conferência Internacional sobre Turismo Gastronómico Sustentável, que pretende perceber de que forma se pode fazer crescer o conceito de Turismo Gastronómico Sustentável e valorizar, por exemplo, ideias já existentes no seio dos oito países Medfest como a inovadora rota gastronómica mediterrânica que liga Lisboa a Tavira.

Medfest: pela estrada fora com a dieta mediterrânica

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Na tal primeira reunião que decorreu na semana passada, 7 representantes do setor privado (envolvidos com experiências de turismo gastronómico como a restauração ou hotelaria) e 13 de instituições públicas governamentais como a Direção Regional de Agricultura e Pesca (Drap), a Universidade do Algarve (UAlg) ou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), por exemplo,  discutiram estratégias para o futuro do turismo gastronómico da região e debateram possíveis consensos para a definição de Turismo Gastronómico Sustentável (TGS) e outros conceitos como o de experiência gastronómica de turismo sustentável (está “assente no uso dos recursos do território, na produção e no consumo de produtos locais; nos saberes e práticas de uso dos alimentos que valorizam a ação intergeracional de salvaguarda e promotora da cultura da região”).

Esta primeira fase de discussão pretendeu desenvolver estratégias e conceitos para serem utilizados como âncora de um turismo menos virado para as massas e mais próximo da autenticidade e exclusividade no Algarve. O que o evento desta quinta-feira pretende fazer é pegar nessas conclusões e estratégias e inseri-las num contexto de debate internacional.

Ao longo de todo o dia, portanto, vão decorrer uma série de palestras e conversas com nomes importantes que representarão todos os oito países envolvidos no evento (e não só). Portugal será representado pelo chef Vítor Sobral, por exemplo, mas o professor Greg Richards, da Universidade de Breda, na Holanada, também marcará presença. Também está programado uma conversa onde vários operadores turísticos, por exemplo, irão partilhar a sua experiência enquanto membros ativos da promoção do turismo sustentável assente nos valor da tal Dieta Mediterrânea.

Esta Conferência é o culminar dos três anos de Medfest e dela nascerá uma estratégia final para a continuação do projeto nos próximos anos. Também marcará o arranque oficial da VII Feira da Dieta Mediterrânica, evento que durará até domingo, dia 9 de setembro, e que envolve mostras de pequenos produtores da região, sugestões de comes e bebes bem como concertos de artistas como Camané, Sérgio Godinho, Manuela Azevedo, Pedro Abrunhosa, a fadista Katia Guerreiro e até a espanhola Silvia Perez Cruz.