O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, garante que o orçamento do Estado para 2020 vai ser “expansionista”, incluindo “uma grande quantidade de investimento e muitas decisões para o futuro”, mas que o resultado será equilibrado, sem fazer galopar a despesa nem aumentar a dívida pública.

“Estamos a fazer exatamente o que é certo e que é adequado nos dias que correm”, disse esta terça-feira num discurso perante o parlamento alemão, citado pela agência Bloomberg.

Olaf Scholz entende que o orçamento vai ajudar a estabilizar a economia, mas admite uma intervenção do governo se a atual desaceleração acabar por culminar numa crise. O ministro do SPD — numa coligação liderada pela CDU de Angela Merkel — assegura que as contas da Alemanha são robustas e dão margem de manobra para fazer face a esse tipo de cenários. Scholz já tinha sugerido que, no caso de uma recessão profunda, poderiam ser injetados 50 mil milhões de euros na economia alemã.

Estas declarações surgem numa altura em que a Alemanha, segundo maior exportador mundial (com grande destaque para os veículos e componentes de automóveis), está a sofrer os efeitos da desaceleração internacional, num contexto de disputas comerciais, Brexit e outras incertezas. No segundo trimestre, o PIB alemão recuou 0,1% e a Bloomberg recorda que as expetativas, na melhor das hipóteses, são de estagnação no próximo trimestre.

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Tendo as conta as fracas perspetivas também para a economia europeia, Berlim está a ser pressionada para abrir os cordões à bolsa. No final de agosto, Vítor Constâncio, anterior vice-presidente do BCE, defendeu que “não faz qualquer sentido, numa perspetiva económica” que o governo alemão não se endivide mais e que essa decisão está a penalizar o crescimento na zona euro e a impedir que as taxas de inflação subam.

Em entrevista à revista Der Spiegel, Constâncio disse que o BCE se vê, por isso, obrigado a avançar com mais estímulos monetários, que contribuem para aprofundar a queda das taxas de juro.

Juros são negativos e inflação não sobe porque os alemães poupam demais, defende Vítor Constâncio