O novo governo de Itália, uma coligação entre o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) e o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) liderado por Giuseppe Conte, obteve esta terça-feira a confiança do Senado, último passo para a entrada em funções.

Na câmara alta do parlamento, o chamado “Governo Conte 2” obteve 169 votos a favor, 133 contra e cinco abstenções, segundo os resultados oficiais.

Conte já tinha obtido, na segunda-feira, a confiança da Câmara dos Deputados, a câmara baixa do parlamento, onde recolheu 343 votos a favor e 263 contra.

Governo de Giuseppe Conte recebe voto de confiança dos deputados

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O discurso de Conte esta terça-feira no Senado, onde o M5S e o PD têm uma escassa maioria, foi recebido com aplausos mas também com protestos, com o líder da Liga (extrema-direita), Matteo Salvini, a acusá-lo de “trair os italianos”.

Salvini, que desencadeou a crise política que levou à formação da nova coligação de governo, acusou Conte de “estar agarrado à cadeira” de chefe do executivo “como uma velha múmia da primeira república”, uma referência ao período, após a II Guerra Mundial, em que a democracia-cristã dominava a política italiana.

“O senhor está em minoria neste país […] Pode fugir durante alguns meses, mas não para sempre”, disse o líder da Liga (extrema-direita), referindo-se às eleições regionais que se realizam em novembro em Itália (Calábria, Emília-Romana e Úmbria).

Giuseppe Conte foi reconfirmado no cargo na semana passada à frente de uma nova coligação, entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático, depois de Salvini ter declarado o fim da coligação que mantinha com o M5S e exigido eleições legislativas antecipadas para outubro.

Matteo Salvini, fortemente aplaudido pelos seus senadores, multiplicou na sua intervenção os ataques a Conte, afirmando nomeadamente que o primeiro-ministro não quer ir para eleições por ter “a consciência pesada”: “Para si, o importante é parar a Liga, para nós, é relançar o país”, disse.

Na resposta, Conte nunca referiu o nome de Salvini, mas criticou “a arrogância daquele que exigia plenos poderes”, como fez o ditador Benito Mussolini, evocando a expressão dita por Salvini quando rompeu com o M5S e defendeu eleições antecipadas para ter “plenos poderes” para governar Itália.