O Estado português financiou-se esta quarta-feira em 1.000 milhões de euros, 600 milhões dos quais em dívida emitida no prazo de referência de 10 anos (os restantes a 15 anos). Os títulos a 10 anos foram colocados a um preço que supõe o pagamento, pelo Estado, dos juros mais baixos de sempre neste prazo: 0,26% (metade do custo suportado há apenas dois meses).
Numa emissão de dívida pública agendada para a véspera de uma reunião do Banco Central Europeu onde se espera que sejam anunciadas mais medidas de estímulo monetário por parte de Mario Draghi, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) aproveitou o posicionamento dos investidores (em antecipação a esse provável anúncio pelo BCE) para garantir mais uma parte do financiamento do Estado aos juros historicamente baixos que estão a verificar-se na zona euro.
Na emissão a 15 anos o IGCP aceitou pagar uma taxa de juro de 0,676%, o que compara com os 1,052% do anterior leilão comparável de 12 de junho.
Na emissão desta quarta-feira, a procura por títulos a 10 anos chegou a 1.263 milhões de euros, o que ultrapassa em 2,11 vezes a oferta. Já nas obrigações a 15 anos, a procura atingiu 919 milhões de euros, 2,3 vezes o montante colocado.
Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, fala em “records mínimos sem precedentes” das yields das dívidas soberanas europeias. “O abrandamento económico mundial, em especial da Alemanha, tem levado muitos analistas a darem nota que poderemos vir a entrar em recessão, o que tem levado os bancos centrais a terem posturas mais acomodatícias. Espera-se que o Banco Central Europeu amanhã [quinta-feira] baixe as taxas de juro e anuncie um novo pacote de estímulos, para ver se conseguem levar a inflação de volta aos 2%”, defende o especialista.
“Na próxima semana espera-se um movimento semelhante por parte da Reserva Federal, corte de taxas. Portugal é que continua a beneficiar com as taxas de juro baixas e vai renovando a sua dívida com yields cada vez mais baixas, o que tem permitido baixar o custo médio da mesma”, acrescenta.