Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que teve por base o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, concluiu que as crianças e os adolescentes são quem mais consome açúcar em Portugal.

O estudo, recentemente publicado na revista Public Health Nutrition, analisou dados de 5.811 pessoas, com idades entre os três meses e 84 anos, relativos ao consumo de açúcares e que foram recolhidos, entre 2015 e 2016, no âmbito do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física. “O nosso objetivo foi caracterizar o consumo de açúcar na população portuguesa e, além de caracterizar, perceber quais eram os alimentos que contribuíam para esse consumo”, disse à Lusa, Ana Rita Marinho, autora do estudo e investigadora do ISPUP.

Desta forma, a investigação analisou o consumo total de açúcares e o consumo diário de açúcares livres [açúcar que é adicionado aos alimentos pelos consumidores ou indústria e o açúcar que está presente no mel, xaropes, concentrados e sumos de fruta]. “Tem havido um foco muito grande nos açúcares livres, porque a Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou e colocou valores limite de consumo de açucares livres mais reduzidos”, disse, adiantando que a recomendação da OMS defende uma ingestão inferior a 10% do valor energético diário.

Segundo a investigadora, os grupos que apresentaram uma “menor adesão” a esta recomendação da OMS foram as crianças e os adolescentes, sendo que os refrigerantes, iogurtes, cereais e doces foram os alimentos que mais contribuíram para o elevado consumo. “Verificou-se que os portugueses consomem em média 84 gramas de açúcares totais por dia e 35 gramas de açúcares livres, sendo o consumo superior em crianças, dos 5 aos 9 anos, que consomem 50 gramas por dia de açúcares livres, e em adolescentes, dos 10 aos 17 anos, que consomem 53 gramas por dia de açúcares livres”, garantiu.

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Por sua vez, os indivíduos com mais de 65 anos foram os que apresentaram “uma maior adesão a esta recomendação”, e consequentemente, “melhores consumos”.

Para Ana Rita Marinho, este estudo, ao caracterizar o consumo de açúcar por grupos etários e os alimentos que motivam esse consumo, pode ser um “bom instrumento para definir estratégias de saúde pública”. “O estudo permite que do ponto de vista dos profissionais de saúde, decisores políticos e científicos ver o que pode ser feito junto destes grupos para diminuir o seu consumo”, concluiu.

À Lusa, a investigadora adiantou que o objetivo da equipa do ISPUP passa agora por perceber se estes consumos podem estar relacionados com potenciais problemas de saúde.