No último domingo, reta final de mais uma Semana da Moda de Milão, a Gucci arrancou o seu desfile primavera-verão 2020 com uma mensagem sobre estilo e individualidade. Entre os 60 modelos que pisaram a passerelle vestidos em tons de branco e cru, com roupas inspiradas em uniformes de trabalho e coletes-de-forças, estava Ayesha Tan-Jones. A manequim levantou as mãos durante o desfile e nelas leu-se a frase: “Saúde mental não é moda”.

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“Optei por fazer este protesto no desfile S/S 2020 da Gucci porque acredito, tal como muitos outros manequins, que o estigma em torno da saúde mental tem de acabar”, escreveu a manequim na sua conta de Instagram, onde acumula mais de 11 mil seguidores. “É de mau gosto por parte da Gucci usar coletes-de-forças e de roupas que aludem a pacientes mentais, enquanto são exibidos numa passadeira rolante como se fossem peças de carne”, acrescentou.

Por parte da marca italiana, a explicação avançada aquando o desfile foi noutro sentido. A demonstração apontava para “como através da moda, existe um poder a ser exercido sobre a vida para eliminar a expressão individual”. Para Tan-Jones, que agradece o apoio de outros modelos embora só ela tenha tornado explicito aquilo a que chama de “protesto pacífico”, a imagem do colete-de-forças está repleta de negatividade — “[…] são um símbolo de um período cruel da medicina, quando as doenças mentais não eram compreendidas e os direitos e liberdades eram retirados a estas pessoas, ao mesmo tempo que eram abusadas e torturadas em instituições”, partilhou também.

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Após as declarações de Tan-Jones, a Gucci reiterou as suas intenções ao incluir estas peças no seu desfile. “Estas roupas marcaram uma posição no desfile e não vão ser postas à venda”, indicou a marca. Por sua vez, a manequim, já na segunda-feira, informou que, em conjunto com outros modelos que participaram no desfile, irá doar parte do seu pagamento por este trabalho a instituições ligadas à saúde mental.

Gucci retira camisola de 785 euros do mercado depois de ser acusada de racismo

Estas críticas surgem após outras duas polémicas em torno da marca italiana, já este ano. Em fevereiro, a Gucci foi acusada de racismo e chegou mesmo a retirar do mercado uma camisola de 785 euros, já que o desenho da peça aludia ao blackface. Em maio, a marca voltou a ser apontada, dessa vez por apropriação cultural, ao lançar uma peça muito semelhante a um turbante sikh.