Contratado ao Domingos Sávio, um clube que estava sempre no topo das referências do recrutamento do Sporting no final da década de 80, o médio ofensivo entrou pela primeira vez pela porta 10A como Jorge Fernandes; dois anos depois, saiu como Jorge Silas. Ou simplesmente Silas, como o costumavam tratar, fazendo a comparação com o internacional brasileiro que os leões contrataram em 1988 como uma das célebres “unhas” do projeto do recém eleito presidente Jorge Gonçalves. Também aí, os resultados desportivos não foram os melhores e o clube entrou em crise (caindo mesmo num novo cenário de eleições); agora, não sendo propriamente a mesma história, sobra a ideia de “crise” e a necessidade de uma viragem – aquela que tentará no regresso, três décadas depois.

Confrontos nas bancadas, tarjas e uma contestação a subir de tom a Varandas (nas bancadas e não só)

Depois de um processo que envolveu vários nomes e múltiplos contactos, as reuniões entre a estrutura da SAD verde e branca e o antigo técnico do Belenenses SAD acabaram por chegar a um bom porto entre avanços e recuos, ficando fechado ao final da tarde desta quinta-feira o contrato até ao final da temporada, com mais uma de opção. Poucas horas depois, o Sporting sofreu mais uma derrota, desta vez a contar para a Taça da Liga com o Rio Ave, a terceira consecutiva em Alvalade – naquele que é mais um recorde negativo que sobra de uma época onde os leões ganharam apenas dois dos nove encontros oficiais disputados entre Campeonato, Taça da Liga e Liga Europa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Silas foi o escolhido para treinar o Sporting e será oficializado esta sexta-feira

Numa apresentação que começou com um ligeiro atraso em relação à hora inicial prevista (12h45) e que aconteceu no relvado do estádio José Alvalade (ao contrário da prática que costuma acontecer, no auditório Artur Agostinho), Frederico Varandas, ladeado da nova equipa técnica e de Hugo Viana, começou por assumir a palavra. “Estamos todos frustrados por hoje o Sporting não ocupar o lugar da valia do seu grupo, que consideramos ser grande. Uma palavra especial para Leonel Pontes, que assumiu de forma transitória a passagem de Marcel Keizer para esta equipa técnica com grande profissionalismo e dignidade. Esta é uma equipa técnica jovem, com competência, com ambição, com muita coragem. Hoje, quando estávamos a assinar os contratos, perguntei se ele sabia quando o tinha visto pela primeira vez. Ele pensava que era como jogador mas não, foi na Praça do Rossio com o cachecol a festejar o título, em 2002. Apesar de frustrados, temos confiança que será esta equipa técnica a colocar o Sporting no lugar que este grupo merece e tem valia”, resumiu o presidente verde e branco.

Leonel Pontes de saída, Sporting fecha novo treinador e opções livres estão na frente da corrida

“Antes de mais, deixem-me dizer que era jogador do U. Leiria e marquei dois golos ao Sporting, podia gostar do Sporting mas era profissional”, começou por referir Silas, em resposta a Varandas. “Aos 13 anos fui dispensado do Sporting e essa foi a maior desilusão da minha carreira. Que, olhando para trás, foi justa, mas também me deu força para ser profissional. Não escondo o meu passado, sempre gostei do Sporting e poder ter a oportunidade de elevar o clube para um patamar superior enche-nos de orgulho”, disse na primeira resposta às questões dos jornalistas. “Sabem que somos atrevidos porque somos ambiciosos. Nunca hesitámos. A nossa maneira de jogar requer de toda a gente uma crença total. É arriscada, arrojada. Toda a gente tem de acreditar nela mas isso dá prazer aos jogadores e a seguir prazer aos adeptos. Medo é zero, temos de ser atrevidos e ambiciosos”, adiantou.

“Nunca vai ouvir daqui para a frente que não acredito. Eu acredito nestes jogadores. Não é preciso milagres, com esta qualidade dos jogadores. Todos têm uma história e noutros tempos e estiveram a um nível muito forte, não vamos sacar nada do que têm mas sim tirar o melhor que têm. É preciso tempo, ouvir o que eles têm para dizer, o que eles sentem”, prosseguiu o novo técnico verde e branco. “Estou à espera de encontrar um balneário como sempre tive em 30 anos, não há segredos para mim no balneário. Temos gente profissional, trabalhadora e que tem ambição. Sofremos muito com os resultados, às vezes nem gostamos de sair… O que queremos? Qualidade de vida, sair à rua e ouvir também elogios, é isso que queremos”, concluiu na curta apresentação.