A noite estava amena, Assunção Cristas bem disposta e junto à porta férrea, em Coimbra, ouviam-se gritos de apoio ao CDS. A líder foi descendo com a comitiva até ao Quebra-Costas, onde estava preparada uma sessão de fados e algumas tapas. Assunção Cristas até se entusiasmou na procissão animada e levantou o polegar, mas quando descia as míticas escadas de acesso à baixa coimbrã, um pequeno grupo começou a insultar a comitiva: “Fascistas“, “chulos“. A comitiva ainda respondeu e foi tentando abafar com gritos de CDS. Mas era preciso silêncio, que se ia cantar o fado. Três estudantes seguiram no fado de Coimbra, Assunção foi acompanhando, mas lá se foi ouvindo a voz a ecoar a espaços:”Fascistas“.

Ainda que tenha sido um grupo de apenas três pessoas e a voz ser sempre a mesma, o ambiente que era até ali de alegria, ficou mais pesado. Cristas queria dedicar a noite à cultura e já tinha avisado que não ia acrescentar nada mais ao que tinha dito sobre Tancos. Mas teve de responder aos ataques, embora os tenha desvalorizado: “Não me incomodam, enfim gritos que não se podem dirigir a nós porque não têm nada a ver connosco“.

Apesar do clima hostil e da ação ser numa esplanada na rua, o CDS não recuou um milímetro e Cristas até sorriu numa das vezes que os gritos começaram a ecoar durante a atuação dos estudantes. Antes das declarações aos jornalistas confessava que esperava ouvir concertinas no Minho, para uma graça sobre o que se estava a passar: “Ouve-se cada coisa em seu sítio”.

Cristas explicou que o que tem encanto em Coimbra é verificar uma cidade com um “património material, que é a Baixa e a Alta da cidade património material da UNESCO, mas também este património imaterial que ouvimos esta noite aqui na zona antiga da cidade, que é como se diz aqui a canção de Coimbra, que o país conhece como o fado do estudante de Coimbra”. Para o CDS, explica Cristas, é importante valorizar a cultura, que “está ligada às raízes, a identidade e que em cada dia se reinventa e se projeta para o futuro”.

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Na escadaria Quebra-Costas, Cristas ainda tentou quebrar um (António) Costa, que se encontrava a três quilómetros dali, no pavilhão dos Olivais. Lembrou, nesse ataque ao governo, que houve nesta legislatura “uma contestação nunca vista à política cultural do governo“. Acrescentou ainda que o CDS apresentou “propostas concretas como os 6% de IVA para os espetáculos culturais“.

Cristas diz que “há muito trabalho a fazer na cultura” e defende que se crie uma “verdadeira rede nacional de cultura que junte património material e imaterial, que junte o setor público com o setor privado, que liga a educação e turismo e que possamos ter aqui também um grande fator estratégico nacional da nossa cultura”. A líder do CDS quer tornar a cultura num “verdadeiro elemento estratégico nacional”.

A comitiva do CDS ainda ouviu um F-R-A, mas a noite tinha ficado manchada. Esta terça-feira, Cristas ainda terá ações na “cidade dos estudantes”.