O chefe de segurança da gigante da energia espanhola Iberdrola foi esta sexta-feira despedido. José Manuel Villarejo, ex-comissário da polícia espanhola, está a ser investigado internamente pela terceira vez depois uma investigação conjunta dos jornais El Confidencial e Moncloa.com ter revelado que o chefe de segurança em exercício desde 2004 se tinha infiltrado nos órgãos comunitários e políticos que travaram a construção de uma central elétrica em Cadiz.

Foi no ano em que entrou para a empresa que Villarejo fez os primeiros trabalhos, quando a energética tinha problemas com autorizações para construir uma central elétrica em Arcos de la Frontera, em Cádiz, escreve o El Confidencial. Na altura, o chefe de segurança infiltrou-se na oposição local e política que quatro anos depois do arranque do processo de construção da central (obra avaliada em cerca de 1.000 milhões de euros), o viu interrompido pelo governo regional da Andaluzia.

Villarejo era contratado ocasionalmente pela Iberdrola para resolver problemas do género, relacionados com autorizações e burocracias de segurança. Escutas reveladas em 2017 pelo El País mostram-no a ameaçar perante outros dois intervenientes “cortar a cara” ao jornalista que revelava uma operação de branqueamento de capitais em que esteve envolvido.

Perante as novas escutas reveladas pelos dois jornais espanhois, a Iberdrola  comunicou ter “decidido abrir uma nova e exaustiva investigação interna”. Esta é a terceira investigação a Villarejo. A primeira aconteceu em novembro de 2018 e a segunda em julho deste ano quando foram revelados indícios de que o chefe de segurança seria o cabecilha da “Operação Tandém” — o tal esquema de branqueamento de capitais, revelado em Espanha em julho de 2017. Na altura Villarejo deixou a polícia e tornou-se empresário.

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As fontes consultadas pelo jornal espanhol dizem que em altura alguma consideraram que os trabalhos do chefe de segurança pudessem estar relacionados com os dados que a investigação jornalística revelou, e afirmam que “esta análise em profundidade dos novos dados revelados, desconhecidos para a Iberdrola, tratará de esclarecer a veracidade das informações e se houve qualquer tipo de incumprimento do código ético da empresa”.

A gigante elétrica assegura também que “foram contratados 17 serviços de tipo ordinário e próprios da Direção de Segurança da empresa entre os exercícios de 2004 e 2017; mas, por outro lado, que no processo de contratação e posterior pagamento dos trabalhos foram aplicados corretamente todos os controlos e procedimentos internos da Iberdrola”.

José Manuel Villarejo foi contratado pela primeira vez em 2004, depois José Ignacio Sánchez Galán, hoje CEO da Iberdrola, ter incorporou a empresa como vice-presidente. Os dois tinham já uma relação profissional que remonta à Airtel, uma empresa de comunicações presidida por Galán comprada pela Vodafone no mesmo ano.