A urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, vai encerrar entre as 20:00 deste sábado e as 08:00 de domingo, por falta de médicos para cumprir a escala noturna, anunciou a administração daquela unidade de saúde.
“A urgência do serviço de pediatria encerrará das 20:00 de hoje, dia 12 de outubro, até às 08:00 de amanhã [domingo], dia 13 de outubro, por insuficiência de médicos pediatras para cumprir a escala noturna”, indicou, em comunicado enviado à agência Lusa, o Conselho de Administração do HGO.
De acordo com o documento, todos os utentes que necessitem de recorrer a este serviço, durante o período em causa, deverão dirigir-se aos hospitais Santa Maria ou Dona Estefânia, em Lisboa.
A administração do hospital disse lamentar esta situação, mas garantiu que estão a decorrer “todas as diligências necessárias para ultrapassar as dificuldades”, em articulação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e com a tutela.
Na sexta-feira, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul alertou que a urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta continuava em risco de fechar à noite e que mais quatro médicos podem demitir-se caso não existam “mudanças”.
“A proposta dos colegas de pediatria é muito clara: têm que deixar de fazer bancos de urgência à noite, porque só sete pediatras é que fazem urgência e, desses sete, só quatro têm menos de 55 anos [e fazem noites]”, afirmou, na altura, à agência Lusa o presidente do sindicato, João Proença.
Segundo este responsável sindical, há uma grande carência de pediatras neste hospital de Almada, no distrito de Setúbal, o que faz com que os médicos ao serviço se encontrem “exaustos” por terem que fazer banco de urgência “dia sim, dia não”.
O sindicalista sublinhou ainda que, “neste momento, estes colegas estão a fazer bancos de 24 horas quatro vezes por semana”.
“Vários setores de serviço estão direcionados para a urgência, que é uma porta aberta para as pessoas, mas não tem qualidade e põe em causa a vida dos próprios médicos”, afirmou.
João Proença alertou também, na altura, que este problema deve ser resolvido rapidamente, porque senão, “para a semana, já não vai haver gente suficiente para se fazer a urgência”, uma vez que mais quatro pediatras equacionam a demissão “se não forem feitas mudanças claras”.
A proposta do sindicato e dos especialistas é que “transfiram médicos de outros hospitais” para que se consiga assegurar a escala de serviço com dois graduados em pediatria e dois internos, ao invés de apenas um especialista, como tem acontecido neste hospital, onde se atendem cerca de 200 crianças por dia.
A falta de pediatras no Garcia de Orta já se arrasta há mais de um ano, quando saíram 13 profissionais, mas nem o lançamento de concursos foi suficiente para colmatar esta carência porque “ninguém concorreu”, adiantou o responsável.