O antigo presidente do CDS José Ribeiro e Castro lamenta a “situação débil” do CDS, que “foi colocado numa circunstância estratégica muito desafiante e difícil”, a que chama de “triângulo das Bermudas” – composto pela Iniciativa Liberal, do Chega e do PSD.
Em entrevista à Rádio Observador (que pode ouvir a seguir, na íntegra), José Ribeiro e Castro criticou as medidas aplicadas pelo Governo PSD/CDS e a “estupidez das direções” do partido sublinhando que o CDS tem agora de se “reafirmar num contexto de grandes tensões”.
“Creio que há duas fases, uma fase Portas e uma Cristas e creio que esta crise começa ainda na liderança do Dr. Paulo Portas, no Governo PSD/CDS. Não tanto por causa da austeridade, mas estamos a pagar o preço de não termos sido suficientemente solidários com as medidas que aplicámos”, disse o antigo presidente do CDS.
Em contrapartida, o ex-líder centrista elogia a capacidade dos dois partidos, PSD e CDS, de cumprirem “exemplarmente” o memorando negociado com o PS depois de terem recebido o país numa “situação absolutamente terrível: com um programa de resgate duríssimo e que era indispensável cumprir para salvar o país”.
Conseguem dar a volta à situação, conseguem por o país a recuperar e passado 4 anos, ao fim da segunda legislatura, há muita gente que acha que o mau da fita foi o PSD e o CDS e não o Partido Socialista, que colocou o país nesse lugar”, acrescenta.
Apesar do sucesso do PSD e do CDS, a população culpa estes dois partidos pela situação vivida, devido ao facto de, segundo José Ribeiro e Castro, ser difícil explicar à população a necessidade das medidas aplicadas quando “há fontes do Governo que dizem que é possível outra coisa”.
Não é ingratidão [dos eleitores], foi estupidez das direções, porque, durante o governo, várias vezes a direção do CDS deu sinais de críticas relativamente a Passos Coelho, houve até um conselho nacional em 2012 em que se discutiu se o CDS estava com um pé dentro e um pé fora”.
José Ribeiro Castro diz que “na preparação do último orçamento da legislatura, ainda o CDS andava com esse jogo nos jornais de uma linha diferente”, acrescentando que, na sua opinião, “isto funcionava ao contrário”.
“Devíamos ter tido a maioria absoluta [em 2015] e não conseguimos”, afirma José Ribeiro e Castro, explicando que a saída do resgate foi feita sem poderem contabilizar inteiramente o êxito que foi conseguido, o que explica parte da derrota de 2015.
Já na segunda parte da legislatura, com Mário Centeno, o antigo presidente do CDS critica o partido por ter passado “para o lado do Bloco de Esquerda”.
Nós criticamos a austeridade, que para nós é uma palavra proibida. Criticamos uma política financeira exigente. Pomo-nos do lado errado do equilíbrio das contas públicas. Isto é uma grande confusão para o eleitorado e creio que nos prejudicou”, diz o advogado.
Quando questionado pela Rádio Observador acerca daquilo que espera para o futuro do partido, o antigo presidente do CDS José Ribeiro e Castro não apontou nomes. “Eu não posso defender para o partido nada de muito diferente do que eu defendo e que escrevi várias vezes”, relembrou.