Donal Trump anunciou que vai levantar as sanções impostas à Turquia após Ancara ter declarado que ia tornar “permanente” o cessar-fogo de cinco dias no nordeste da Síria. Numa conferência de imprensa feita a partir de Washington, o presidente dos EUA reclamou para si o mérito das negociações de paz, afirmando: “este resultado foi criado por nós [Estados Unidos]”.

O acordo de cessar-fogo implicou a saída das forças curdas, antigos aliados dos Estados Unidos na região na luta contra o Estado Islâmico, de uma zona de cerca de 32 quilómetros na fronteira turca. “Salvámos a vida de muitos, muitos curdos”, disse Trump. Foi este desenvolvimento que pôs fim a uma semana de sanções norte-americanas contra a Turquia.

Com grandes agradecimentos dirigidos à sua equipa negocial — da qual fazia o seu vice, Mike Pence –, Trump explicou que o cessar-fogo não só permitiu desbloquear esta situação mas também conseguiu salvar “inúmeras vidas” de curdos.

Sobre o conflito que se esticou nos últimos três dias, Trump explica que falou com o general Masloum, o responsável máximo das forças curdas. “Ele está muito grato pelo que os EUA fizeram. Garantiu que o EI está ‘bem fechado à chave'”, referindo aos milhares de antigos combatentes do Estado Islâmico que estavam a ser mantidos prisioneiros sob o controle desta força militar. “Um número pequeno deles conseguiu sair mas quase todos foram recapturados.

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Trump também referiu que se a Turquia violar o cessar-fogo os Estados Unidos voltam a aplicar as sanções.

Na noite de terça-feira, a Turquia anunciou que não retomaria a sua ofensiva militar contra as forças curdas após a retirada dos seus combatentes das zonas fronteiriças.

Os presidentes russo e turco, que desempenham uma função decisiva no conflito sírio, chegaram por sua vez um acordo, ainda na terça-feira e após longas negociações em Sochi (mar Negro), sobre o controlo comum da maior parte da zona fronteiriça. “Pedi ao secretário do Tesouro o levantamento de todas as sanções impostas em 14 de outubro em resposta à ofensiva da Turquia”, declarou Trump na Casa Branca.

O Presidente norte-americano deixou ainda entender que o seu encontro com o homólogo turco Recep Tayyip Erdogan previsto para 13 de novembro na residência oficial em Washington vai mesmo decorrer. “Poderemos encontrar-nos muito proximamente”, declarou, apresentando como um sucesso a sua estratégia sobre esta crise. “Graças à nossa negociação com a Turquia foram salvas um número incalculável de vítimas”, insistiu. “Agora as pessoas dizem, ouah, que resultado fantástico!”, acrescentou, sem precisar a quem se referia.

A ofensiva turca foi desencadeada após o anúncio da retirada militar norte-americana do nordeste sírio, denunciada em diversos círculos internos e internacionais com um abandono dos curdos, aliados de Washington na luta contra o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico.

Em simultâneo, Trump revelou que um “pequeno número de soldados” norte-americanos vai permanecer na Síria “nas zonas onde existe petróleo”. “Os países da região devem assumir a sua responsabilidade e ajudar a Turquia e a Síria a garantirem a segurança da sua fronteira”, acrescentou.