O cantor, compositor e músico português José Cid recebeu esta quarta-feira, em Las Vegas, EUA, um prémio Grammy de Excelência Musical, entregue pela Academia Latina de Gravação. No discurso de agradecimento, que é percetível num vídeo que publicou no Facebook, José Cid começa por dizer: “Vou pedir as maiores desculpas, mas vou falar a minha língua, a língua de Camões, a língua de Fernando Pessoa.”
Queria pedir o maior aplauso a todos os que vão ganhar este Grammy, que é muito importante para todos nós… saber que alguém se lembrou de nós, num país tão pequenino e tão longe como é Portugal. Mas um país de encanto. Visitem Portugal e vão ver que estou a falar verdade”, referiu.
O português quis ainda lembrar que não era o único merecedor do prémio, vencido anteriormente apenas por outros dois portugueses, o fadista Carlos do Carmo e a soprano Elisabete Matos: “Não sou sozinho. Tenho mais uns dez cantores da minha geração e mais uns dez cantores da nova geração fantásticos. Grandes poetas, grandes músicos, grandes cantores. Queria por isso pedir um aplauso ao meu irmão da música, aqui presente, Tozé Brito”, disse ainda.
José Cid, que terminou a cantar a capella “Nasci p’ra Música”, apontou ainda: “Vou continuar a cantar as minhas canções de amor, as minhas canções de ternura mas também as minhas canções de ódio contra a segregação racial, contra o racismo, contra a energia nuclear e contra a poluição. A favor das pessoas que mais necessitam, a favor deste planeta”.
https://www.facebook.com/jose.cid.musico/videos/469118417069699/
No dia em que foi anunciado que seria distinguido com um Grammy Latino, José Cid defendeu, em declarações à Rádio Observador, que “há muito tempo que o pop-rock português, que é tão rico, merecia uma celebração a nível mundial”. Já na altura o compositor falava da multiplicidade de “grandes poetas, grandes vozes, grandes músicos, grandes produtores que também poderiam ter recebido este prémio”.
O compositor, que fez parte do Quarteto 1111 e que chegou a fazer um álbum de rock progressivo a solo, 10,000 Anos Depois Entre Venus e Marte, prometia ainda receber o galardão “em nome da música portuguesa”, dos seus pares e dos que “gostam verdadeiramente de música de qualidade em português”.
Receber um prémio paralelamente à Joan Baez, que admiro imenso, é extraordinário para mim. Recebi prémios importantíssimos, mas este vem acrescentar muito. É a confirmação a nível mundial de que existe muita criatividade no nosso pais. Infelizmente, não jogamos futebol e não emigramos, portanto não temos esse reconhecimento lá fora e as fronteiras de Espanha estão-nos fechadas”, dizia então José Cid.
Posteriormente, em setembro, também na Rádio Observador, apontou: “Foi um prémio que me é atribuído de repente. É um prémio muito interessante, na medida em que não tenho nenhuma multinacional a apoiar-me, nem quero, e tenho uma pequena editora, a ACid Records, que edita um álbum por ano meu um grupo de meus amigos que veja com talento. Ajudo-os”.
Para José Cid, “há uma enorme pressão das multinacionais para que este Grammy seja atribuído aos seus cantores, que estão ‘na sua equipa’. O último da lista deles [que desejavam] seria o José Cid. É uma vitória muito saborosa, porque sei que em maio debruçaram-se sobre a minha obra”.