A Apple acedeu aos pedidos do governo russo para que passe a mostrar a península da Crimeia como pertencendo ao território da Rússia e não da Ucrânia nas suas aplicações de mapa e tempo. A notícia é avançada pela BBC, que testou a utilização das aplicações e percebeu que a regra só se aplica em iPhones quando estão em território russo.
O Parlamento russo reagiu num comunicado referindo-se a uma “imprecisão” que foi agora “finalmente removida”. “A Crimeia e Sevastopol [capital] aparecem agora nos aparelhos da Apple como território russo”, diz a câmara baixa, a Duma.
Não há volta a dar. Hoje, com a Apple, a situação está encerrada. Recebemos tudo o que queríamos”, acrescentou o presidente do Comité de Segurança e Anti-Corrupção da Duma, Vasily Piskaryov.
A Apple ainda não comentou a decisão. No entanto, o site de tecnologia The Verge recorda que esta tem sido a política habitual da empresa, cedendo a muitas das exigências específicas de cada país: “Quando se entra num país e se participa no mercado deles, estamos sujeitos às leis e regulações do país”, explicou o CEO Tim Cook em 2017.
A península da Crimeia tem um historial complicado de disputa por parte de russos e ucranianos. Em 1954, foi oferecida como “um gesto simbólico” por Nikita Khrushchev dos russos para o Estado ucraniano, pertencente à altura à União Soviética. Com o fim da URSS, o território manteve-se como parte da Ucrânia independente. Contudo, a maioria dos habitantes sempre falou russo. Em 2014, foi anexada pelo exército russo. Seguiu-se um referendo popular à integração da Crimeia na Rússia, promovido por Moscovo, que nunca foi reconhecido como independente pela UE e os EUA.