Depois de o diretor do DCIAP não ter permitido que António Costa fosse chamado como testemunha no processo do caso Tancos, durante a fase de inquérito, o primeiro-ministro irá testemunhar na fase de instrução. Costa foi arrolado pelo ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que indicou o nome do chefe do Governo como sua testemunha de defesa.

O pedido consta do Requerimento de Abertura de Instrução no qual Azeredo Lopes indica, no total, nove testemunhas. Além do primeiro-ministro, constam ainda da lista, por exemplo, o tenente-general António Martins Pereira, seu ex-chefe de gabinete, o chefe de Estado Maior general das Forças Armadas atual, Almirante Silva Ribeiro, e o anterior, general António Pina Monteiro.

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Azeredo Lopes está acusado de quatro crimes, no caso do alegado encobrimento da operação que levou ao achamento do material militar roubado dos paióis de Tancos: denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento. Além de indicar as testemunhas que quer chamar em sua defesa, no Requerimento de Abertura de Instrução, Azeredo Lopes diz que “os pressupostos da acusação” estão “fundados em preconceitos, desconhecimento, omissões e falsidades” e insiste na sua inocência “relativamente a todos os crimes dos quais vem acusado e espera poder comprová-lo” nesta fase processual que funciona como uma espécie de pré-julgamento.

No Requerimento de Abertura de Instrução, o antigo ministro da Defesa, que caiu na sequência deste processo, diz que “foi já condenado na praça pública”, mas reafirma que “nunca mentiu ou ocultou quaisquer factos relevantes do seu conhecimento, quer enquanto ministro da Defesa Nacional, quer quando ouvido como testemunha no inquérito, quer como arguido perante o juiz de instrução, ou em comissão parlamentar de inquérito”, repetindo que “a acusação não tem sustentação factual ou jurídica”.

Azeredo Lopes diz que espera que seja feita justiça, “por acreditar que ainda há juízes em Portugal”.

Além do antigo ministro da Defesa, estão ainda acusados outros 22 arguidos. Nove são suspeitos de terem planeado e executado o furto do material militar e os outros 13 respondem pela alegada encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

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O nome de António Costa surgiu várias vezes durante o caso, quer no processo judicial, quer na comissão de inquérito parlamentar. Em nenhum momento, porém, foram encontrados indícios de que o primeiro-ministro tivesse informações sobre o incidente. Já no final do inquérito ficou a saber-se que os procuradores do Ministério Público equacionaram chamar António Costa, a par de Marcelo Rebelo de Sousa como testemunhas do processo. A ideia foi mesmo levada ao diretor do DCIAP, mas Albano Pinto achou que as inquirições não eram relevantes e as diligências não avançaram.