A Bentley está a apostar cada vez mais na Mulliner, que até agora sempre cunhou os projectos mais especiais (e caros) do fabricante de Crewe. A ideia mantém-se, mas parece que o construtor britânico pretende fazer séries muito limitadas com maior frequência, pois é daí que advém a maior fatia de lucros. Por isso, a Mulliner vai ganhando uma relevância crescente.
A divisão que, em 2002, tratou da viatura oficial da rainha Elizabeth II, a Bentley State Limousine, tem pela frente um outro desafio: fazer apenas 12 unidades de um roadster inspirado no protótipo eléctrico EXP 100 GT, partindo da base do Bentley Continental GT. Costuma-se dizer que à dúzia sai mais barato, mas não será esse o caso, pois cada exemplar terá um preço base de 1,7 milhões de euros.
Recorde-se que EXP 100 GT, revelado em Julho, traduz a visão de mobilidade sustentável da Bentley, precisamente no ano em que a marca celebra o seu primeiro centenário. As linhas deste concept totalmente eléctrico deverão influenciar os traços dos futuros Bentley, sendo certo que o protótipo também serviu para antecipar a electrificação gradual da gama do fabricante britânico. Porém, segundo avança a Autocar, o desportivo que a Bentley pretende que a Mulliner faça pouco terá de eléctrico (ou mesmo nada). Segundo a referida publicação, sob o capot deverá encontrar-se o 12 cilindros em W com 6,0 litros de cilindrada e duplo turbocompressor que já conhecemos, cuja última revisão atirou a potência para os 635 cv com um binário máximo de 900 Nm.
As informações disponíveis apontam para uma barchetta, projectada pelo chefe de design da Bentley, Stefan Sielaff. Resta saber se, por 1,7 milhões a unidade, a Mulliner vai abraçar as soluções amigas do ambiente que o EXP 100 GT preconiza – da tinta a revestir o exterior, feita a partir de casca de arroz reciclada, ao revestimento interior, onde tudo o que parece pele… não é. É, sim, um têxtil 100% orgânico. Sendo certo que, logo desde o início, o cliente poderá definir junto da Mulliner como pretende diferenciar a sua aquisição.
O ultra-exclusivo modelo, sem tejadilho e com lugar para dois, irá ao encontro da crescente tendência para procurar a singularidade num automóvel. O próprio Sielaff reconhece mudanças na procura: “Temos cada vez mais clientes que nos pedem um Bentley muito especial – único ou um exemplar de uma série limitada a 10 unidades. Se olharmos para a sociedade, a realidade é que os ricos estão cada vez mais ricos.”