Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Defesa / Assalto em Tancos Seguir Tancos. Vasco Brazão diz que agiu sempre sob orientação de diretor nacional da Polícia Judiciária Militar Vasco Brazão assume ter participado na recuperação do material que não foi comunicado "como devia", e que agiu sob orientação de Luís Viera, diretor nacional da Polícia Judiciária Militar. Agência Lusa Texto 02 Dez 2019, 22:55 i ▲Vasco Brazão falou das "falsas denúncias anónimas" que originaram o caso de Tancos e considera que "a seu tempo, estas encenações serão esclarecidas" ANTÓNIO COTRIM/LUSA ▲Vasco Brazão falou das "falsas denúncias anónimas" que originaram o caso de Tancos e considera que "a seu tempo, estas encenações serão esclarecidas" ANTÓNIO COTRIM/LUSA O ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM) e arguido no caso Tancos, Vasco Brazão, alega que seguiu orientações do diretor, Luís Vieira, e que “a ação paralela” da PJM foi “oportunamente comunicada ao então ministro da Defesa”.No requerimento de abertura de instrução (RAI), a que a agência Lusa teve acesso, Vasco Brazão assume que participou, no âmbito da PJMilitar num processo que teve, em primeira linha, a recuperação do material de guerra furtado em Tancos, o qual não foi participado, “como devia ter sido”, ao Ministério Público que dirigia o inquérito. No RAI, Vasco Brazão justifica que “agiu dessa forma sob a orientação do diretor nacional da PJMilitar, o coarguido Luís Viera, num quadro de conflitualidade acerca da entidade competente para o efeito”, tendo em conta que Luís Vieira “divergiu da orientação constante do despacho da Procuradora-Geral da República (Joana Marques Vidal), de 18 de abril de 2017, pelo qual a investigação foi concentrada e atribuída ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)”.O ex-porta-voz da PJMilitar refere que mau grado as diligências desta polícia terem prosseguido o interesse nacional de recuperação do material, entende que “as mesmas não deviam ter sido escamoteadas ao Ministério Público (MP) e lamenta que isso tenha ocorrido”, manifestando estar arrependido. Sublinha, contudo, que agiu sempre sob a “orientação do seu diretor nacional (Luís Vieira) e que a ação paralela levada a cabo foi comunicada ao então ministro da Defesa (Azeredo Lopes) que nada teve a objetar ou a censurar ao procedimento adotado”.Segundo Vasco Brazão, “por mais que o então ministro da Defesa e até o seu então chefe de gabinete (tenente general Martins Pereira) tentem desvalorizar o memorando que lhes foi entregue em 20 de outubro de 2017 — e mau grado tal memorando traduzir uma versão incompleta do que aconteceu —, ninguém se pode permitir ignorar que aquilo que lhes foi relatado não correspondia à versão pública que o Governo, o Exercito e a PJMilitar deram do ocorrido, ademais no contexto que eles bem conheciam da divergência e mal estar entre a PJ e a PJMilitar”. No RAI, o ex-porta-voz lamenta que os coarguidos Luís Vieira e Azeredo Lopes “queiram fugir à assunção das suas responsabilidades” e do seu lado, assegura, que “não foge às responsabilidades que lhe cabem como cidadão e como militar”, reafirmando o seu compromisso com “a verdade que sempre trouxe” aos autos do inquérito de Tancos. https://observador.pt/2019/09/26/tancos-veja-a-lista-dos-23-acusados-e-dos-crimes-em-causa/Noutra vertente, Vasco Brazão fala das “falsas denúncias anónimas” que originaram o caso de Tancos e considera que “a seu tempo, estas encenações serão esclarecidas”. Quanto aos crimes de associação criminosa, tráfico e mediação de armas e favorecimento pessoal que lhe é imputado pela acusação do MP, o ex-porta-voz da PJMilitar contrapõe que “não existe nos autos qualquer prova indiciária”, resultando a acusação de “um mero processo de intenções”.No RAI, os advogados Ricardo Sá Fernandes, Andreia Pais Martins e Francisca Marvão realçam que da parte do arguido não houve “qualquer intenção de entregar o material de guerra em apreço a outrem que não fosse o próprio Exército”. “Acresce que o arguido não participou em qualquer movimentação desse material de guerra, a não ser no apoio que deu à sua deslocação da Chamusca para Santa Margarida”, lê-se ainda no RAI. Em sua defesa, Vasco Brazão garante que “não negociou direta ou indiretamente” com o informador (o coarguido João Paulino) o “que quer que fosse” e que “ignorava, de resto, como continua a ignorar que tal informador tenha ou não participado no furto de Tancos”. “O arguido (Vasco Brazão) nunca falou com ele e sempre lhe foi transmitido que ele seria um mero informador”, lê-se no RAI.Em conclusão, a defesa de Vasco Brazão solicita desde já que seja declarada a não pronúncia (não ida a julgamento) do ex-porta-voz da PJMilitar.Entretanto, Luís Vieira e Azeredo Lopes também já apresentaram RAI, com o primeiro a alegar “não houve qualquer intenção de encobrir os autores (do furto das armas de Tancos), nem que existiu qualquer pacto com tais autores daquele crime.Também Azeredo Lopes já entregou o seu RAI em que manifesta que “é absolutamente infundada a acusação contra si deduzida pelo MP”. “Os factos que lhe são imputados não passam de meras conjeturas, gravemente infundadas, não são suportadas em provas juridicamente relevantes”, diz o RAI do antigo ministro, no qual se acrescenta que Azeredo Lopes é “vítima de grave injustiça” e que o “tribunal há de reconhecê-lo e declará-lo e a história dirá o porquê da acusação”.O processo de Tancos tem 23 acusados, militares e civis e aos arguidos são imputados crimes diversos que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida. O caso do furto das armas em Tancos foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJ Militar, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.