Um cirurgião e uma companhia de seguros foram condenados pelo Tribunal da Relação do Porto ao pagamento de uma indemnização de 86 mil euros ao treinador de futebol Manuel Machado — menos 10 mil euros do que o valor a que tinham sido condenados em primeira instância. De acordo com o Correio da Manhã, que cita o acórdão, a pena foi aplicada devido a uma lipoaspiração que deixou o treinador em coma e em risco de vida, em 2009.

Durante a cirurgia, o então treinador do Nacional sofreu uma perfuração da parte inicial do intestino grosso — que os juízes da Relação do Porto consideraram ser um “comportamento descuidado e negligente”. Apesar de ter tido alta logo no dia a seguir à cirurgia, Manuel Machado começou por sofrer “dores muito intensas”, horas depois, já em casa. Ali, acabaria por receber uma visita do médico que o operara e que lhe deu medicação, tendo-lhe dito que as dores eram consequências normais da operação, realizada a 23 de novembro de 2009.

O treinador regressou então ao Funchal, mas quatro dias depois deu entrada no hospital com sintomas de um choque séptico. Manuel Machado teve de estar internado durante seis semanas — três delas nos cuidados intensivos — e fazer 26 sessões de câmara hiperbárica e várias outras cirurgias.

“O autor teve dores muito intensas, esteve em coma induzido, foi submetido a diversas intervenções cirúrgicas e a numerosos tratamentos na câmara hiperbárica. Correu perigo de vida e receou a diminuição das suas capacidades cognitivas futuras, como consequência do coma e das oito anestesias que suportou em seis semanas”, lê-se no acórdão.

Salientando o facto de Manuel Machado ser um “conceituado treinador de futebol”, o Tribunal da Relação do Porto argumentou ainda que a falha na cirurgia “afastou, inclusive, a renovação do seu contrato com o clube”. O treinador saiu do Nacional no final da época, apesar de regressar ao clube três anos depois.

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