O ministro do Ambiente disse na segunda-feira à noite que as aldeias afetadas pelas cheias na região centro “sabem que estão numa zona de risco, que sempre teve cheias”. João Matos Fernandes, em entrevista ao Jornal 2, sugeriu assim que sejam deslocalizadas: “Paulatinamente aquelas aldeias vão ter de ir pensando em mudar de sítio”. As declarações do ministro surgem depois de várias zonas terem ficado submersas nos últimos dias.
O governante aponta esta solução, alertando que não é possível aumentar a capacidade de contenção do caudal do Rio para níveis superiores ao que atualmente existe. Matos Fernandes destacou ainda que “a natureza tem sempre razão”, e lembra que “o sítio onde houve a primeira rutura, que é a rutura de maior dimensão, foi o rio a ir à procura do seu leito natural”.
O presidente da câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, avisa que a ideia de deslocar aldeias não seria fácil de concretizar, já que encontraria muita resistência das populações. O autarca recorda, em declarações à Rádio Observador, que “mesmo na iminência de uma catástrofe, de levar com uma onda de água gigante, as pessoas não saem de casa; mesmo que eu lhes peça e suplique; mesmo que a GNR lhes ordene para saírem de casa, elas não saem”. Ora, acrescenta Emílio Torrão, “muito mais difícil será elas abandonarem de vez as suas habituações”.
A longo prazo, o autarca não descarta essa possibilidade. “Se se justificar vai ter de acontecer um dia”, admite. Emílio Torrão considera que o ministro “não deixa de ter razão” na proposta que faz, m”mas não é uma solução que se consiga implementar de imediato.”
O autarca explica que “há casas em Montemor que podem ficar cobertas daqui a uns três quatro anos com o agravamento das condições climatéricas” e que, mesmo atualmente, “já há casos aqui de casas que já nem conseguem ir para o primeiro andar porue até o primeiro andar é inundado”. Essas casas, avisa o autarca, “vão ter de ser abandonadas mais dia menos dia, porque não é viável lá continuar. Se a água antigamente não chegava lá, agora chega. E é essa a mensagem do senhor ministro do Ambiente.”