A Associação Nacional de Farmácias (ANF) disse que o Ben-u-ron xarope está em rutura de stock, até fevereiro, em todo o país. A notícia foi avança este sábado pelo Jornal de Notícias (versão em papel). No entanto, ao Observador, o presidente do Infarmed diz que não há razões para preocupação.
Apesar de o Ben-u-ron xarope ainda estar disponível em algumas farmácias, fonte da ANF adiantou ainda que “não vai ser possível durante o mês de janeiro” fazer a reposição daquela que é uma das marcas mais procuradas no mercado de medicamentos para crianças. De acordo com o JN, a rutura — para a qual os distribuidores começaram a alertar há vários dias — estará relacionada com um problema na produção.
Ao Observador, o presidente do Infarmed rejeitou que esta rutura seja um problema. Rui Santos Ivo garantiu que há, pelo menos, três alternativas também em xarope nos genéricos e a preços mais baixos: o paracetamol xarope 40 mg da Generis, da Basi ou da Farmoz. O presidente do Infarmed alertou ainda que os farmacêuticos têm a obrigação de indicar as alternativas ao xarope ben-u-ron no ato de compra.
Também a coordenadora do Gabinete de Disponibilidade do Medicamento do Infarmed, Helena Ponte, afirmou, em declarações à Lusaque a autoridade do medicamento foi notificada pela Bene Farmacêutica, empresa titular da autorização de introdução no mercado (AIM) do Ben-u-ron da situação de rutura.
“O fabrico [do xarope] teve um problema de qualidade e a empresa titular da AIM agiu em conformidade e notificou o Infarmed com o tempo suficiente para nós realmente garantirmos o acesso a esse medicamento, o paracetamol em xarope 40 miligramas”, disse Helena Ponte.
Segundo a responsável, este medicamento tem alternativas no mercado nacional pela parte da Generis Farmacêutica, dos Laboratórios Basi e da Farmoz. A notificação permitiu que a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde fizesse o seu trabalho “na garantia do seu acesso durante o período que há uma grande probabilidade do medicamento Ben-U-Ron estar em rutura”, sublinhou.
Durante esse período, salientou, o mercado nacional e todo o país terá “disponível o mesmo medicamento para ser consumido nas mesmas quantidades médias nesta altura do ano”, assegurou Helena Ponte. A responsável adiantou que a empresa farmacêutica para mitigar o impacto desta rutura reforçou a disponibilidade de outras formas farmacêuticas, mas o Infarmed pugnou para que houvesse alternativas com a mesma forma farmacêutica, independentemente de haver um reforço de comprimidos ou de supositórios, que não é o foco do problema da rutura.
Questionada pela Lusa sobre se a rutura poderá ser até fevereiro, Helena Ponte afirmou que, neste momento, há “uma previsibilidade dessa rutura que pode ser superior, pode ser inferior, tendo em conta que é uma questão de qualidade”.
“Diria que, se calhar, em fevereiro seria o pior dos cenários, mas até para a empresa porque, do ponto de vista do consumidor nacional, há o medicamento em Portugal”, sustentou.
Mas, vincou, esses fatores já foram tidos em conta na análise do Infarmed. “Neste momento, já temos quantidade suficiente no mercado e em território nacional superior àquela que, em princípio, será necessária para o tempo de rutura, além dos mecanismos já ativados para a sua produção nas quantidades que forem necessárias”, reiterou. Para o Infarmed, a avaliação desta rutura foi de “impacto reduzido ou nulo”, porque o medicamento está assegurado no mercado pelos genéricos.
[Atualizado às 16h00 com as declarações da coordenadora do Gabinete de Disponibilidade do Medicamento do Infarmed, Helena Ponte]