Funcionários do CDS-PP decidiram impugnar o seu despedimento por extinção do posto de trabalho, acusando o partido de ‘bullying’ por, desde há dois meses, terem sido colocados à margem, sem “nada para fazer”.
Em declarações à Lusa, Alexandra Uva afirma que é efetiva há uma década e que a extinção do seu posto de trabalho lhe foi comunicada no final de outubro, com a justificação de que o partido atravessa uma fase complicada, mas o seu último dia de trabalho foi na sexta-feira.
Desde que lhe foi comunicado que seria despedida que esta assessora do partido se queixa de ‘bullying’.
“Durante estes dois meses fui completamente posta de parte. Não me dão nada para fazer numa altura em que há trabalho para fazer, por ser um período pré-congresso”, afirmou, considerando tratar-se de “uma questão de ‘bullying’”.
Na ótica de Alexandra Uva, o processo da extinção do posto de trabalho não foi conduzido da melhor forma e apresenta ilegalidades, o que a levou a recorrer à justiça e a apresentar uma impugnação.
“No dia 30 [de dezembro], o meu advogado enviou a impugnação para o Tribunal do Trabalho e deu conhecimento ao jurista do partido”, disse a trabalhadora de 57 anos.
Alexandra Uva, cuja última função foi de secretariado durante a campanha para as eleições legislativas de outubro, adiantou não ter chegado a acordo com o CDS-PP, mas foi-lhe paga uma indemnização. Porém, não aceita o despedimento.
“Puseram-me à margem para me afetarem psicologicamente, para ser eu a desistir”, lamentou.
Hoje Alexandra Uva voltou à sede do partido, no Largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, para se apresentar ao serviço.
“Hoje apresentei-me ao trabalho porque com a impugnação o processo fica suspenso, mas o meu advogado recebeu uma resposta a pedir para eu não voltar e a dizer que a minha entrada será barrada amanhã [sexta-feira]”, denunciou, garantindo que voltará à sede dos centristas.
Para segunda-feira, está “marcada uma reunião” entre o seu advogado e o jurista do partido, adiantou à Lusa Alexandra Uva.
De acordo com trabalhadores ouvidos pela Lusa, a fase que o partido atravessa já levou à redução do subsídio de alimentação, bem como à redução da carga horária, e existem mais funcionários na mesma situação.
Um outro trabalhador, que pediu para não ser identificado, queixou-se igualmente de que o CDS-PP “não fez as coisas bem”.
Funcionário do partido há mais de 20 anos, não aceitou a indemnização que lhe foi proposta, por o valor estar, no seu entender, “abaixo do que é suposto”. Queixa-se ainda de não ter recebido resposta à contraproposta que fez.
“Eles não estão de boa-fé”, criticou, queixando-se também de discriminação.
“O problema do ‘bullying’ é estarmos ali sem fazer nada, sem nos darem nada para fazer, estamos simplesmente a cumprir horário. Não me deram mais nada para fazer, não nos convocam para as reuniões de trabalho”, assinalou, considerando que essa é uma forma de pressão para fazer com que os trabalhadores desistam do processo.
Dada a forma como a situação está a ser conduzida, também este funcionário ameaça levar o caso a tribunal quando o seu vínculo terminar.
A agência Lusa tentou contactar o secretário-geral do CDS-PP, sem sucesso.