Um dia negro aproxima-se dos Estados Unidos e de Israel. A ameaça foi feita esta segunda-feira pela filha do general Qassem Soleimani, durante as cerimónias fúnebres do pai, ao qual acorreram milhares de iranianos. Na sexta-feira passada, um dos homens mais poderosos do Médio Oriente e do Irão, o líder de uma das brigadas de elite da Guarda Revolucionária Iraniana foi morto num ataque de drone, ordenado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

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“As famílias de soldados norte-americanos no Médio Oriente vão passar os dias esperando pela morte dos seus filhos”, disse Zeinab Soleimani perante as câmaras da televisão estatal. “Trump maluco, não penses que tudo acabou com o martírio do meu pai.” E terminou com uma ameaça: “Um dia negro” vai cair sobre os Estados Unidos e Israel.

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No domingo, a filha de Soleimani, também em declarações televisivas a uma estação ligada ao Hezbollah, tinha prometido que o sangue do seu pai “não foi derramado em vão”. Antes disso, num encontro com o presidente iraniano, Hassan Rouhani, Zeinab perguntou quem iria vingar o seu pai. “Todos vão vingá-lo”, respondeu Rouhani.

Durante as cerimónias fúnebres, o Líder Supremo iraniano, o aiatola Ali Khamenei, liderou as orações e foi visto a chorar, noticiou a BBC. O caixão com o corpo de Soleimani foi passado pela multidão, enquanto se ouviam gritos e cânticos de “morte à América”, como já tinha acontecido no sábado no Iraque, país onde Soleimani foi morto, durante a procissão que acompanhou a carrinha que transportava o corpo do general.

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As ruas de Teerão encheram-se de milhares de pessoas para o funeral do general morte por um drone na sexta-feira passada, ataque ordenado por Donald Trump. Créditos: Fatemeh Bahrami/Anadolu Agency via Getty Images (IRANIAN LEADER PRESS OFFICE / HANDOUT)

O comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, morreu sexta-feira  passada no ataque aéreo contra o aeroporto internacional de Bagdad que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos. O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O ataque já suscitou várias reações, tendo quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido e China – alertado para o inevitável aumento das tensões na região, pedindo às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.

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No Irão, o sentimento é de vingança, com o Presidente e os Guardas da Revolução a garantirem que o país e “outras nações livres da região” vão vingar-se dos Estados Unidos. Também o líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general e declarou três dias de luto nacional. Já o chefe da diplomacia iraniana considerou a morte de Soleimani como “um ato de terrorismo internacional”.

Do lado iraquiano, o primeiro-ministro iraquiano demissionário, Adel Abdel Mahdi, advertiu que este assassínio vai “desencadear uma guerra devastadora no Iraque” e o grande aiatola Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, considerou o assassínio de Qassem Soleimani “um ataque injustificado” e “uma violação flagrante da soberania iraquiana”.

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