Para o comentador e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, “em teoria Rui Rio tem a eleição ganha”. No seu espaço de comentário semanal na SIC, Marques Mendes defendeu que uma surpresa “pode acontecer em teoria” mas “na prática é muito difícil”. Por outras palavras: “Aritmeticamente é possível, politicamente é muito difícil”.

O comentador político defendeu que Luís Montenegro tem um problema que é muito difícil de contornar: Rui Rio está “claramente à frente”, porque está com uma “dinâmica de vitória” na campanha, que tem também efeitos na “motivação”. Apesar disso, alertou, “a história das segundas voltas em Portugal é de surpresas” pelo que convém não cantar já vitória.

Existem alguns fatores que ainda podem influenciar o resultado final das presidenciais do PSD e gerar surpresa, apontou no entanto Marques Mendes. Estão entre eles três dúvidas: se “os eleitores de Rui Rio e Luís Montenegro vão todos votar na segunda volta” — poderá haver quem ache que está decidido e não vale a pena sair de casa —, se os votantes de Pinto Luz votarão em peso em Luís Montenegro ou não e se os cerca de nove mil militantes inscritos que não votaram na primeira volta podem confundir as contas na segunda.

Os resultados da primeira volta, este sábado, só surpreenderam um pouco Luís Marques Mendes, que diz que já imaginava que houvesse um “resultado mais próximo entre os dois primeiros”. Esperava, contudo, que Pinto Luz “tivesse um pouco mais” votos.

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No entanto, o principal derrotado da primeira volta — que foi vítima da “bipolarização” dos últimos dias de campanha, para Marques Mendes — não foi o único a ter resultados aquém do esperado, de acordo com o comentador. Isto porque Montenegro “esperava ficar à frente de Rio ou [pelo menos] taco a taco” e não conseguiu e porque Rio, apesar de ter vencido, “não ganhou à primeira volta”, que era um “objetivo” seu. Por isso, haverá uma “segunda volta histórica no PSD, o que nunca aconteceu”.

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Passos Coelho “pode ter o sonho de regressar” e PSD pode ajudar PS em 2021

Luís Marques Mendes, que afirmou ter gostado do discurso de Rui Rio à exceção da recusa em debater com Montenegro — mas “ele é teimoso, portanto não vai haver debate” —, disse ainda achar que existem duas pessoas interessadas em saber quem é o próximo líder do PSD. Uma é o primeiro-ministro António Costa, porque até para aprovar Orçamentos pode ser “diferente ser Rui Rio ou Montenegro” na oposição. Outra é o antecessor de Costa, Pedro Passos Coelho, “que pode ter o sonho de um dia regressar”.

Já sobre o Orçamento do Estado aprovado, Marques Mendes diz que o Governo teve “uma vitória com sabor a derrota” porque o Orçamento foi aprovado apenas pelo PS, com abstenções de BE e PCP. “A geringonça oficial acabou e a geringonça oficiosa está para acabar”, previu, referindo achar que “esta é provavelmente é a última vez que PCP e Bloco vão viabilizar Orçamentos”.

Os partidos à esquerda do PS, prevê Marques Mendes, “mais mês, menos mês vão assumir o seu estatuto de oposição clara” e será o PSD a dar a mão ao PS. “Quem viabilizará o Orçamento para 2021? Eu aposto que vai ser na altura própria o PSD”, anteviu.