A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) não está à espera da PSA para ir tratando do futuro, até porque o processo de fusão dos dois grupos pode demorar (um ano) a concretizar-se. Como tal, o conglomerado italo-americano está concentrado em abrir novos horizontes na China, onde a FCA tem uma quota de mercado inferior a 1% (dados de 2018).

Mike Manley, o homem que substituiu Marchionne ao leme, tem tomado medidas no sentido de minimizar as perdas do grupo no maior mercado automóvel do mundo. Se, em Abril do ano passado, avançou com a reestruturação da empresa que detém em conjunto com a Guangzhou Automobile Group, agora surge a confirmação que estão a decorrer negociações para firmar uma parceria com uma das gigantes tecnológicas, a Foxconn, empresa com sede em Taiwan que fornece peças para a Apple, Samsung e Intel, tendo inclusivamente a seu cargo a produção do iPhone na China. À partida, este “parceiro” estranha-se, mas depois o comunicado emitido pela FCA esclarece qual o interesse.

A cooperação proposta, inicialmente focada no mercado chinês, permitiria que as partes reunissem as capacidades de dois líderes globais estabelecidos em todo o espectro do design de automóveis, engenharia, manufactura e software, para se concentrarem no crescente mercado de veículos eléctricos a bateria”, adianta a nota de imprensa.

Significa isto que as negociações que têm vindo a decorrer visam acelerar a electrificação das diferentes marcas da FCA, oferecendo em contrapartida uma outra área de negócio à Foxconn que, curiosamente ou não, fornece à Tesla alguns dos componentes usados nos eléctricos do fabricante norte-americano.

A tecnológica, que é a maior exportadora da China e o maior empregador privado do país (mais de 1 milhão de funcionários), espera reforçar o seu “peso” com esta aliança. De acordo com declarações do presidente da Foxconn ao jornal Nikkei, Young Liu acredita que a área de negócio dos automóveis electrificados pode representar 10% das vendas globais da companhia, a longo prazo. Sublinhe-se que a joint-venture, numa fase inicial e se avançar, aponta exclusivamente à China, tão só o maior mercado mundial para veículos com bateria, onde se matriculam mais modelos plug-in do que em qualquer outro ponto do planeta. E lá, por enquanto, a FCA só conta com o Jeep Commander para preencher estes requisitos.

De momento, o que está em cima da mesa é a assinatura de um acordo preliminar entre ambas as partes, documento esse que servirá de base para a continuação das conversações “destinadas a alcançar acordos vinculativos nos próximos meses”. Se a parceria for mesmo para a frente, cada um fica responsável pela área que domina. Ou seja, a FCA tratará da construção dos veículos, enquanto a Foxconn fica com o pelouro do software, tanto mais que uma das razões desta aliança passa por dar entrada no negócio de IoV (Internet de Veículos).

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