Depois de as autoridades chinesas terem pedido para que ninguém saia ou entre de Wuhan, a cidade onde teve origem a nova estirpe de coronavirus que já matou pelo menos 17 pessoas, a China decidiu mesmo suspender todos os voos e viagens de comboio de e para aquela cidade como medida para prevenir que o surto se alastre para outras regiões chinesas e para o mundo. A notícia está a ser avançada pela Agence France-Presse, que cita jornais locais.

Basicamente, não vão para Wuhan. E aqueles que estão em Wuhan, por favor, não saiam da cidade”, tinha afirmado Li Bin, vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, esta quarta-feira.

De acordo com a BBC, as autoridades consideraram que o país está no ponto “mais crítico” no que toca à prevenção e controlo do vírus. Contam-se 571 pessoas infetadas só na China e já foram detetados novos casos no Japão, na Tailândia, em Taiwan, em Hong Kong, na Coreia do Sul, nos Estados Unidos e em Macau.

Ficou comprovado ainda que o vírus se transmite principalmente através das vias respiratórias.

“Já há casos de transmissão e infeção entre seres humanos e funcionários de saúde infetados”, disse Li, em conferência de imprensa. “As evidências demonstram que a doença foi transmitida por via respiratória e existe a possibilidade de uma mutação do vírus”, detalhou.

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pelo menos 15 médicos em Wuhan infetados depois de terem estado em contacto com doentes com coronavírus. Até ao momento, os serviços de saúde chineses acompanham 5.897 pessoas que mantiveram contato próximo com pacientes infectados e, dessas, 4.928 estão em observação.

O Comité de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) esteve reunida em Genebra, na Suíça, para analisar a hipótese de se declarar emergência de saúde pública internacional e determinar que recomendações serão feitas para controlar o coronavírus. Mas decidiu não fazer essa declaração e esperar para observar a evolução da doença.

As autoridades chinesa têm feitos várias recomendações ao longo dos últimos dias e, esta quarta-feira, apelaram à população para que evite multidões e encontros em espaços públicos.

Macau garante 20 milhões de máscaras e limita compra

As autoridades de Macau garantiram esta quarta-feira o fornecimento de 20 milhões de máscaras até sexta-feira para prevenir o vírus de Wuhan, com os residentes a terem prioridade na aquisição.

Número de mortes por coronavírus quase duplicou: já são 17. OMS ainda não decidiu se é emergência global

“Vinte milhões de máscaras vão chegar a Macau antes do Ano Novo chinês [Ano Novo Lunar que começa na sexta-feira]” e vai-se procurar “evitar o açambarcamento”, limitando a compra a 10 máscaras a cada dez dias, explicou esta quarta-feira o diretor dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, em conferência de imprensa, após ser confrontado com o cenário de falta de stock nos estabelecimentos e no dia em que as autoridades anunciaram existir uma pessoa infetada com o vírus originário da cidade chinesa de Wuhan.

O equipamento vai ser adquirido pelos Serviços de Saúde e a venda vai ser efetuada em cerca de meia centena de farmácias comunitárias, acrescentou o responsável, que desaconselhou o uso prolongado de máscaras, referindo que se justifica sobretudo quando a população se deslocar a unidades de saúde ou se sentir febril, exemplificou.

O chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença, Lam Chong, adiantou que os residentes de Macau terão prioridade na aquisição das máscaras, mas sublinhou estar convencido de que haverá stock suficiente para assegurar a procura por parte de não residentes, já que a aquisição poderá ser feita em outros estabelecimentos, mesmo que não exista convenção acordada com os Serviços de Saúde, frisou.

As autoridades adiantaram ainda que foi solicitado ao pessoal de saúde que se encontre no território neste período festivo chinês, que se prolonga até 11 de fevereiro, para que fique de prevenção para prestar o apoio que se justifique necessário.

O comandante da Corporação da PSP Chiu Seng Un esclareceu que está a ser efetuado o controlo de fluxo turístico em pontos de maior concentração de visitantes, de forma a diminuir o risco de transmissão do coronavírus.

O número de casos aumentou rapidamente desde que a nova pneumonia foi detetada no mês passado em Wuhan, um importante centro de transporte doméstico e internacional.

Agências que organizam viagens à Coreia do Norte avançaram que o país proibiu a entrada de turistas estrangeiros por causa do surto. A maioria dos turistas na Coreia do Norte é oriunda da China. Em 2003, durante o surto de pneumonia atípica, a Coreia do Norte também fechou as suas fronteiras.

Os casos alimentam receios sobre uma potencial epidemia, semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong. As autoridades disseram que ainda é cedo para comparar o novo vírus com o SARS ou o MERS, ou síndrome respiratória do Médio Oriente, em termos da sua capacidade letal.

Ainda estamos no processo de aprender mais sobre esta doença”, disse Gao Fu, um académico da Academia Chinesa de Ciências e chefe do Centro Chinês de Controle de Doenças, na mesma conferência de imprensa.

Gao disse que as autoridades estão a trabalhar no pressuposto de que o surto resultou da exposição humana a animais selvagens que eram comercializados ilegalmente no mercado de alimentos em Wuhan, de onde se suspeita que o vírus é originário, e alertou que o vírus está a sofrer mutações.

Não se sabe o quão contagioso é o vírus, mas a transmissão de pessoa para pessoa pode permitir que se espalhe rapidamente.

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O surto surge numa altura em que milhões de chineses viajam, por ocasião do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais. Segundo o Ministério dos Transportes chinês, o país deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.

Ao final da manhã, em Macau, as autoridades já tinham dado conta de uma série de medidas de reforço de prevenção e controlo para combater a transmissão deste novo coronavírus, junto dos casinos, nas fronteiras, nos espaços e serviços públicos, bem como durante a realização de grandes eventos, num momento em que Macau atrai milhares de pessoas durante o Ano Novo Lunar.

Anunciaram ainda que vão verificar individualmente os passageiros provenientes de Wuhan, “por via aérea, marítima ou terrestre”. O caso detetado em Macau diz respeito a uma mulher de 52 anos, comerciante, oriunda da cidade chinesa de Wuhan, que foi submetida a dois testes que confirmaram a doença. Atualmente em regime de isolamento, é considerada uma paciente de alto risco. A mulher infetada está a receber tratamento no Centro Hospitalar Conde de São Januário.

As autoridades sublinharam que não existe um surto na comunidade e frisaram que as visitas diárias nos hospitais vão ser reduzidas de dois períodos para apenas um.

Os espaços públicos estão a ser alvo de operações de desinfeção, casos das paragens de autocarro e de táxis, e mercados municipais.

Durante as festividades do Ano Novo Lunar, período em que Macau regista um maior fluxo de visitantes, as autoridades vão reforçar testes de medição de temperatura, uma medida promovida também nos serviços públicos, tendo sido determinado o uso de máscaras para trabalhadores em atendimento ao público, uma medida também alargada aos trabalhadores dos casinos.

Após o período das férias do Ano Novo Lunar vão ser tomadas medidas de reforço de prevenção e controlo nas escolas de Macau.