Um grupo armado atacou na quinta-feira o posto administrativo de Mbau, em Mocímboa da Praia, Norte de Moçambique, provocando vários mortos, disseram esta segunda-feira residentes à Lusa, numa ação entretanto reivindicada pelo grupo “jihadista” Estado Islâmico.
Segundo os relatos de quem vive na zona, o ataque irrompeu pela manhã contra uma posição militar, vitimando membros das forças de defesa e segurança moçambicanas e população que circulava nas imediações, num total de 15 pessoas. Já no dia seguinte, um outro ataque foi registado em Chinta, Muidumbe, mais para o interior da província, sem que se conheçam baixas.
Entretanto, o EI reivindicou na Internet a autoria do ataque a Mbau, onde diz que morreram 22 militares e outros ficaram feridos. “Os confrontos envolveram vários tipos de armamento”, anunciou o grupo, que diz ter tomado duas viaturas carregadas com armas automáticas e munições. A zona de Mbau já foi palco de outros confrontos entre os grupos armados que atacam Cabo Delgado e militares, desde setembro, mês em que várias habitações foram destruídas, forçando muitos residentes a fugir para outros locais.
Ataques armados na província de Cabo Delgado eclodiram em 2017 protagonizados por residentes, frequentadores de mesquitas consideradas “radicalizadas” por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais com os quais iam crescendo atritos. Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo “jihadista” Estado Islâmico, que desde junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas fotos das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.
Os ataques já provocaram pelo menos 350 mortos, além de deixar cerca de 60 mil afetados ou obrigados a abandonar as suas terras e locais de residência, de acordo com a mais recente revisão do plano global de ajuda humanitária das Nações Unidas.
A província de Cabo Delgado é aquela onde avançam as obras dos megaprojetos que daqui a quatro anos vão colocar Moçambique no “top 10” dos produtores mundiais de gás natural e que onde há algumas empresas e trabalhadores portugueses entre as dezenas de empreiteiros contratados pelos consórcios de petrolíferas.