Quatro bebés vendidos por um total de 104 mil euros: são estas as bases que justificam a acusação de tráfico de seres humanos que o Ministério Público do Porto está a aplicar a um casal suspeito de vender os seus bebés a casais homossexuais e inférteis.
Segundo o Jornal de Notícias, esta é a história que envolve Daniella Neto, 42 anos, e Jaime Moreira, 46, uma cozinheira e um pedreiro que alegadamente em conjunto criaram este esquema: Daniella engravidava de Jaime (que era casado com outra mulher e mantinha um caso extraconjugal com a acusada) e depois, quando a criança nascia, vendiam-na e diziam aos amigos e família que o bebé tinha morrido depois do parto, vítima de problemas cardíacos.
De acordo com a acusação, quando o casal decidiu conceber para depois vender, Daniella já tinha três filhos. Através das redes sociais iam em busca de compradores, apresentando aos interessados a história de que “Vanessa” (o nome fictício que utilizava) não tinha meios financeiros para dar a luz e educar uma criança, daí venderem a criança a casais como Vítor e José, dois homens residentes na Suíça que pagaram 21.500 euros, em 13 prestações, ao casal, em agosto de 2011. Em maio de 2012 a menina nasceu e, para iludir as autoridades, a criança foi registada na Conservatória como sendo filha de Daniella e de Vítor, que acabou por levar a bebé para o país onde residia depois de no Tribunal de Família e Menores acordar com a tal “Vanessa” que havia uma total transferência de responsabilidades parentais para Vítor.
Este foi apenas um dos casos, e como ele existiram mais dois: um em que duas bebés lhes “renderam” 47 mil euros (também pagos a prestações por um casal gay residente em França) e outro em que um casal com problemas de fertilidade deu 36 mil euros por uma criança, em novembro de 2017. Daniella e Jaime foram presos pela PJ em dezembro de 2018. Ela está em prisão domiciliária e ele em liberdade. Ambos aguardam julgamento.