“Por quê só agora?” Era esta a que pergunta que se impunha, pois enquanto grande parte dos construtores já disponibiliza na sua gama propostas electrificadas, a Fiat tardou a entrar na ofensiva eléctrica. Fá-lo justamente com dois dos seus modelos mais vendidos, o 500 e o Panda, e no tempo que considera o mais oportuno. Segundo os responsáveis do Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), tudo se resume numa simples palavra: estratégia.

Só agora os volumes de vendas das versões deste tipo se tornaram verdadeiramente interessantes e significativos, tendo ultrapassado o milhão de unidades comercializadas na Europa em 2019”, responderam-nos.

A escolha do Panda e do 500 como pontas de lança da Fiat neste subsegmento de mercado é óbvia, sendo citadinos por excelência e os dois modelos mais bem-sucedidos da marca transalpina.

Nunca o Fiat 500 e o Panda foram tão poupadinhos

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A própria abordagem da Fiat foi cautelosa. De forma a manter um preço competitivo (especialmente no Panda), a marca optou por reduzir a complexidade do sistema mild hybrid ao mínimo. Como a equipa de comunicação da marca não se cansou de referir “as expressões que melhor se aplicam ao dois mild-hybrid da Fiat são: simplicidade, eficiência e custos contidos”.

Como se conseguem consumos e emissões até 30% inferiores?

Na prática, Fiat 500 Hybrid e Fiat Panda Hybrid partilham a combinação do motor 1.0 atmosférico de três cilindros (da família Firefly), com 70 cv de potência, com um gerador/motor de arranque com 3,6 kW (colocado junto à cambota) que é alimentado por uma bateria de iões de lítio colocada sob o banco do condutor. Este sistema utiliza a travagem regenerativa e as desacelerações para aproveitar energia que é armazenada na bateria e utilizada nas fases de aceleração para dar um “impulso” acrescido ao motor térmico e para permitir as funções de “vela” ou “coasting” que ajudam a diminuir os consumos e, consequentemente, as emissões em estrada aberta. A marca anuncia reduções que podem chegar aos 30%, sendo que no ciclo WLTP o 500 passa dos 129 g/km do motor 1.2 de 69 cv para os 119 g/km com o novo 1.0. No Panda as emissões caiem dos 149 g/km para 126 g/km.

Como são ao volante?

Ao volante, o pequeno três cilindros de 70 cv (92 Nm de binário) revela-se refinado, tendo em conta a arquitectura, e suficientemente solícito. O percurso quase 100% citadino e relativamente curto não permitiu tirar grandes conclusões sobre os consumos, mas são de esperar valores em torno dos 5 a 5,5 l/100 km tirando partido do eficaz sistema start/stop (uma das grandes mais valias deste mild hybrid é que a potência no arranque depois de parar torna a acção do start/stop quase instantânea e imperceptível). A caixa de seis velocidades, solução permitida pelo tamanho compacto do 1.0, também ajuda nesta melhoria da eficiência, embora a sexta longa quase só permita a sua utilização em auto-estrada ou estrada aberta e plana.

Apesar de subtil, é evidente o auxílio do sistema híbrido nas fases de aceleração pura, mas é ainda mais notório o efeito travão/motor quando desaceleramos, potenciando a regeneração de energia que é canalizada para a bateria extra.

O que muda?

O 1.0 Firefly, além de compacto, é muito leve (pesa apenas 77 kg) e relativamente simples. Possui injecção directa de gasolina e variador de fase, mas apenas duas válvulas por cilindro (o seu irmão turbo tem quatro válvulas por cilindro). A taxa de compressão (12:1) é relativamente elevada para um motor deste tipo.

O 1.0 de três cilindros faz parte de uma geração de motores modulares que inclui ainda um 1.3 com quatro cilindros que equipa modelos maiores das marcas Fiat e Jeep, como os 500X ou o Renegade por exemplo.

Este 1.0 atmosférico passa, assim, a ser a única opção disponível na gama Fiat 500 e 500 C, excepto nas versões com caixa “automática” que mantêm o conhecido 1.2 de 69 cv.

Estes bancos são especiais…

Igualmente inovadora é a associação da Fiat com a Seaqual, uma empresa sedeada em Espanha que recicla plásticos recolhidos do oceano (e do Mediterrâneo) por pescadores (e não só) e os transforma em fios que o Grupo FCA utiliza nos revestimentos dos bancos do Panda e 500 Hybrid, acrescentando mais esta nota de sustentabilidade ao seu programa de electrificação.

Só para se ter uma ideia do impacto desta medida, se pensarmos em apenas 100.000 unidades/ano do 500 ou do Panda, seriam precisas 6 milhões de garrafas de plástico para produzir os bancos destes automóveis.

E preços?

Os preços da versão de lançamento do 500 “Launch Edition” começam nos 19.300€, sendo que as versões base “Pop” estarão disponíveis desde os 16.600€.

O Panda City (versão base) mantém o 1.2 de 69 cv, pelo menos por enquanto, estando o 1.0 Hybrid reservado para as versões Cross e City Cross. Os preços do Panda Hybrid “Launch Edition” arrancam nos 16.050€.

De uma forma geral, e face às versões 1.2 de 69 cv, os aumentos agora registados para os mesmos níveis de acabamentos variam entre os 400€ no Panda e os 700€ no Fiat 500.