O Banco de Portugal terá tentado notificar António Tomás Correia de um novo processo de contraordenação – pelo qual pode acabar a pagar coimas até 7,5 milhões de euros – mas não terá conseguido fazê-lo, mesmo tendo feito um pedido de notificação através da polícia, segundo o Correio da Manhã. Assim, o supervisor financeiro decidiu publicar um anúncio na edição impressa do jornal “Público” – nas páginas da secção de desporto — na segunda-feira onde são explicitados os termos da notificação de acusação.

O supervisor abriu este processo há quase quase três anos e tentou notificar Tomás Correia, ex-presidente da Caixa Económica Montepio Geral (até 2015) e da Associação Mutualista Montepio Geral (até 15 de dezembro último). O processo foi aberto em março de 2017 mas não foi possível “notificar o arguido [Tomás Correia] nas moradas conhecidas” e que foram “frustradas as diligências efetuadas com vista a determinar o paradeiro do mesmo“.

Não é explicitado quando é que o processo foi concluído e, portanto, desde quando é que o supervisor tenta contactar Tomás Correia. Mas o Observador sabe que este processo foi concluído em dezembro. Contactada, fonte oficial do Banco de Portugal não fez comentários.

Até sair da organização – a 15 de dezembro – Tomás Correia passou os seus dias na sede da mutualista, na Rua do Ouro, em Lisboa, a cerca de 100 metros da sede do Banco de Portugal. E foi, também, por exemplo, ouvido no ano passado na Assembleia da República no âmbito da comissão parlamentar de inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos, banco onde trabalhou antes de ir para o Montepio.

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Anúncio apareceu nas páginas de Desporto do jornal Público.

Tomás Correia já foi alvo de um processo que lhe aplicou uma coima de 1,25 milhões de euros mas esta é uma nova acusação num processo de contraordenação por irregularidades contabilísticas no registo de operações financeiras, produtos derivados e por falhas no controlo interno. Tomás Correia terá cometido estas irregularidades “a título doloso, e na forma consumada“.

Como Tomás Correia “esvaziou” o fundo de solidariedade do Montepio

Citado pelo Correio da Manhã, porém, Tomás Correia diz que a morada que aparece no edital anunciado no jornal é mesma morada onde atualmente habita. “É onde sempre estive e nunca fui procurado“, garante o banqueiro.

O banco e a associação mutualista foram no mês passado alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária e por elementos do Banco de Portugal, num processo relacionado com averiguações sobre o aumento de capital da caixa económica em 2013.

Caso Montepio. As “reviengas” de Luís Almeida, o pivô de Tomás Correia em Angola (que os supervisores aprovaram)

(notícia corrigida com a indicação de que não existe informação sobre quando o processo, aberto há três anos, foi concluído e, portanto, desde quando é que o Banco de Portugal tenta notificar Tomás Correia)