O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) garante que todo o equipamento ao dispor das equipas responsáveis por assegurar o transporte de doentes com suspeitas de infeção pelo coronavírus é seguro, depois de neste domingo o Jornal de Notícias ter noticiado que estes profissionais estavam a receber equipamento danificado.
O instituto tem várias equipas a postos — em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro — para transportar os doentes que cumpram os critérios definidos pela Direção-Geral da Saúde e sejam considerados como potencialmente infetados pelo novo coronavírus, que surgiu em dezembro na cidade chinesa de Wuhan e já matou pelo menos 1.669 pessoas em quatro países.
Estas equipas devem transportar os doentes para um dos três hospitais de referência (Curry Cabral e Dona Estefânia, em Lisboa, e S. João, no Porto), para serem testados.
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Os profissionais do INEM responsáveis por este transporte devem estar protegidos durante toda a viagem. Porém, segundo o relato do Jornal de Notícias, as bases do instituto estão a receber kits que incluem máscaras sem elásticos e com os encaixes quebrados e apenas um par de óculos, quando seriam necessários dois, já que em cada viatura seguem dois técnicos.
“As máscaras recebidas não asseguram a esperada e obrigatória proteção, porque só trazem um elástico, ficando soltas no rosto“, disse Rui Lázaro, dirigente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, em declarações citadas pelo Jornal de Notícias.
Embora a OMS ainda esteja a tentar compreender com mais detalhe o funcionamento biológico do vírus responsável pela doença, sabe-se que uma das principais formas de transmissão do vírus é através de gotículas (por exemplo, através do espirro ou do contacto com superfícies infetadas) que entrem no corpo humano através da boca, olhos ou nariz.
Por isso, os profissionais que contactam com pessoas potencialmente infetadas devem proteger não só o rosto, mas também toda a roupa e pele, para que não haja possibilidade de infeção. Nesse sentido, o kit inclui também batas impermeáveis.
O sindicalista Rui Lázaro denuncia também ao Jornal de Notícias que os profissionais não receberam formação sobre como utilizar o material nem como “lidar com potencial material contaminado“.
O INEM, porém, diz que não recebeu nenhuma queixa relativamente a material danificado e sublinha que a utilização do equipamento de proteção individual é um dos conteúdos da formação de base dos técnicos do instituto. Além disso, fonte oficial do INEM assegura estar a levar a cabo formações “com intuito de relembrar os profissionais do instituto sobre a utilização dos diversos tipos” de equipamento.
INEM garante segurança do equipamento
Em declarações à CMTV, a responsável do INEM Fátima Rato assegurou que o equipamento ao dispor das equipas “com certeza que é seguro.”
“O INEM tem quatro equipas preparadas para o transporte de doentes suspeitos de coronavírus. Essas ambulâncias foram dotadas do equipamento adequado e que segue as orientações emanadas da Direção-Geral da Saúde e as orientações internacionais que são dadas sobre essa matéria, precisamente para dotar os nossos profissionais do equipamento adequado para uma proteção eficaz neste tipo de transporte”, afirmou Fátima Rato.
“Esse equipamento está disponível nessas quatro ambulâncias, está perfeitamente adequado àquela função. Não se trata aqui de termos esse equipamento nas 54 ambulâncias que temos. Todas essas ambulâncias têm equipamento de proteção individual, que é utilizado no dia-a-dia, com base naquilo que está definido através do departamento da qualidade, da comissão do controlo de infeção do INEM, e que prevê o equipamento que deve estar presente nas ambulâncias para fazer face a qualquer situação diária”, acrescentou a responsável.
Lembrando que o equipamento dedicado às equipas responsáveis por transportar doentes suspeitos de coronavírus “não é um equipamento que se utiliza no dia-a-dia“, Fátima Rato assinalou que a utilização deste equipamento especial motivou o INEM a elaborar “materiais didáticos” para formações destinadas a “relembrar procedimentos, para explicar novamente a todos os nossos profissionais, e não apenas àqueles que estão identificados para o transporte de doentes com coronavírus, como utilizar esse equipamento”.
“Não passa apenas pelo tipo de equipamento, e portanto que tem recursos acrescidos em relação àquilo que é o básico, mas tem procedimentos muito próprios e rigorosos em como vestir o fato e, fundamentalmente, como despi-lo, para evitar riscos de contaminação“, detalhou Fátima Rato.
A responsável não negou que possa haver algum equipamento com defeitos, mas sublinhou que o INEM tem procedimentos em prática que permitem a rápida substituição de qualquer material que não esteja apto para ser utilizado.
“Não digo que não acontece. No INEM manuseiam-se milhares de equipamentos diariamente. Algum deles pode estar danificado, ter algum defeito. Desde há muitos anos, está definido no INEM qual é o procedimento que o profissional deve adotar para a substituição desse equipamento. Está definida a metodologia para que os serviços de logística do INEM, a qualquer hora do dia ou da noite, possam facultar ou substituir esses equipamentos que possam não estar nas melhores condições. Podemos deparar-nos com equipamento que não esteja nas melhores condições, muitas vezes por questões que não passam pelo instituto, mas estamos preparados”, afirmou Fátima Rato.