O deputado do PSD Pedro Rodrigues assumiu, esta quinta-feira, nas redes sociais, ter um problema de alcoolismo. É também essa a razão que invoca para não estar presente esta tarde no debate e votação sobre a despenalização da eutanásia, no Parlamento, afirmando que tem “sofrido ataques pessoais inaceitáveis” depois de, ontem, ter desencadeado uma espécie de “rebelião” na bancada do PSD devido à vontade de alguns deputados avançarem com uma iniciativa legislativa para propor um referendo “à revelia” da direção.

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“Sim, tenho um problema de alcoolismo. É um tema que apenas diz respeito à minha intimidade e à minha família. Decidi hoje assumi-lo porque além do sofrimento pessoal em que estou mergulhado tenho sofrido ataques pessoais inaceitáveis”, começa por dizer, não especificando que ataques são esses, nem se vêm do próprio partido. “A ideia de que não posso assumir uma posição política de princípio, porque alguém considera que não sou capaz, é algo que me repugna profundamente”, acrescenta, não especificando mais uma vez a quem se refere.

Em causa está o facto de, entre terça e quarta-feira, Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD, ter divulgado uma nota aos jornalistas assegurando que era o primeiro subscritor de um movimento de alguns deputados do PSD no sentido de avançarem com uma iniciativa legislativa para propor um referendo à eutanásia. A direção da bancada social-democrata não gostou, uma vez que o entendimento que vem de cima é o de que o referendo não é uma questão que se coloque “agora”, pelo que o vice-presidente Adão Silva apressou-se a dizer que não iria dar seguimento a tal proposta, se ela se confirmasse.

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O gesto deu origem àquilo que alguns deputados definiram depois como um “mal entendido”, que pareceu mais um episódio da guerra aberta entre alguns deputados que não apoiaram Rui Rio e o próprio Rui Rio, que é a favor da eutanásia e que entende que a questão do referendo só deve ser colocada depois de discutidos e votados, na generalidade, os projetos de lei em cima da mesa.

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Depois de Pedro Rodrigues ter avançado com os nomes de alguns deputados do PSD que também seriam subscritores dessa petição (incluindo Alberto Machado, Cristóvão Norte, Carlos Silva, Pedro Pinto ou Pedro Alves), quatro desses deputados vieram dizer que o seu nome tinha sido usado “de forma abusiva” e que, apesar de defenderem um referendo, não o queriam fazer “à revelia” da direção da bancada e do partido, como tinha afirmado o vice-presidente Adão Silva. Pedro Pinto, por outro lado, que é um conhecido crítico de Rui Rio, fez o contrário e deu ainda mais gás à iniciativa, afirmando na quarta-feira à tarde que não era por Rui Rio não querer iniciar já a discussão sobre o referendo que ela não deve ser iniciada: “Temos os dois a mesma legitimidade”, disse, referindo-se à legitimidade associada aos mandatos dos deputados eleitos.

A posição de Rui Rio é de que, primeiro, vem o debate no Parlamento sobre os projetos de lei em cima da mesa e, depois, então, logo se discute a ideia do referendo. Os deputados que recuaram afirmaram depois ao Observador que, quando Pedro Rodrigues lhes telefonou a perguntar a sua posição sobre o referendo, não perceberam que era para integrarem um movimento “à revelia” da bancada, tendo-se apenas mostrado favoráveis à ideia de um referendo.

Pedro Rodrigues justifica agora porque não estará hoje na votação sobre a eutanásia no Parlamento, dando a entender que foi alvo de “ataques pessoais inaceitáveis” e de insinuações de “incapacidade” depois de ter tornado pública a sua posição sobre o referendo. “Não estarei hoje na Assembleia da República como devia. Peço desculpa aos que acreditam em mim, mas não consigo fazê-lo… Estarei junto dos meus sempre… Mas jamais deixarei de lutar intransigentemente por aquilo em que acredito”, lê-se. O Observador tentou contactar Pedro Rodrigues, mas até agora sem sucesso.

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