A porta-voz do departamento de Estado norte-americano defende que a cooperação dos EUA com Angola vai perdurar, independentemente da China, e destacou que os governos devem pensar “de forma realista” quando fazem negócios com o Partido Comunista Chinês.
Morgan Ortagus que falou à Lusa a partir de Washington, uma semana depois da visita do secretário de Estado norte-americano ter visitado Angola, reafirmou que a inclusão do país lusófono no seu roteiro africano serviu para apoiar o presidente angolano, João Lourenço no combate à corrupção, mostrando que o diálogo entrou numa nova fase.
“Era muito importante ir. Houve corrupção endémica em Angola durante muito tempo, por isso quisemos ir e mostrar apoio pelas iniciativas que o Presidente [de Angola] tem vindo a levar a cabo para acabar com a corrupção e tornar o ambiente de negócios em Angola mais favorável às empresas norte-americanas”, destacou.
Questionada sobre se os Estados Unidos pretendem conquistar terreno à China em Angola, atualmente o principal parceiro comercial do país africano, salientou que a relação com Angola “não depende do que a China faz ou deixa de fazer”.
“Dissemos a mesma coisa em Angola que dizemos noutros sítios: respeitamos a soberania do país, respeitamos a capacidade de os governos tomarem as suas próprias decisões e pedimos apenas que as pessoas pensem de forma realista sobre o que o partido comunista da China põe em cima da mesa quando propõe os seus negócios”, respondeu.
Defendeu, por outro lado, que os EUA oferecem “parcerias de primeira qualidade” realçando a transparência e o estado de direito: “[as pessoas] sabem exatamente com o que estão a lidar quando se trata dos Estados Unidos, os nossos negócios são conduzidos sob regras éticas e o presidente dos Estados Unidos protege as pessoas. Não temos o mesmo tipo de proteção quando lidamos com o Partido Comunista Chinês e foi esse facto que quisemos apontar”.
Sobre a relação dos EUA com Angola, afirmou que se entrou “numa fase em que o diálogo se tornou muito mais produtivo, mais relacionado com os direitos humanos, acabar com a corrupção e tornar o ambiente mais convidativo”, uma relação “duradoura” quer a China “esteja ou não esteja”.
Morgan Ortagus destacou que Angola “está a trabalhar na direção certa”, embora o governo precise de continuar a trabalhar nas reformas.
“Quando vemos um governo que luta pela democracia, luta para acabar com a corrupção e ser responsável perante o seu povo, é com esse tipo de governos que queremos trabalhar”, continuou a porta-voz, referindo que Pompeo quis também encorajar o investimento do setor privado americano e encontrou recetividade.
“Temos uma cooperação robusta no que diz respeito à energia, mas acreditamos que podemos encontrar muitas outras maneiras de trabalhar juntos”, sublinhou.