Uma criança morreu esta segunda-feira após o barco que transportava migrantes ter “afundado” junto à ilha grega de Lesbos, avança a CNN. Já na fronteira do norte, um migrante morreu após ter estado envolvido em confrontos com a polícia grega, que impedia que os migrantes chegassem ao país, confirmaram duas fontes das autoridades turcas à Reuters. Grécia afirma que segunda morte é mentira.
A embarcação na qual a criança viajava transportava 48 pessoas quando entrou em águas gregas esta segunda-feira. Segundo a CNN, os passageiros “capotaram o barco” quando se aproximavam da guarda costeira, na tentativa de forçar um resgate. É uma “tática comum”, avançaram as autoridades citadas pela CNN. Duas crianças inconscientes foram transportadas para o hospital de Lesbos, tendo uma delas morrido. Os restantes passageiros foram resgatados ilesos.
Segundo escreve o El Mundo, o migrante sírio que morreu era um jovem de 22 anos que tentou passar a fronteira após a difusão de várias mensagens que afirmavam que a Grécia tinha aberto as fronteiras. Mohammed el Arab morreu esta segunda-feira devido a ferimentos de balas de borracha disparadas pelas autoridades que tentavam impedir que os migrantes sírios entrassem no país.
O porta-voz da Grécia, Stelios Petsas, garantiu que o anúncio da morte do jovem é apenas propaganda turca falsa.
Depois de a Turquia ter anunciado, na última sexta-feira, a abertura das fronteiras para que os refugiados sírios rumassem à Europa, milhares de migrantes e refugiados reuniram-se, no domingo, na fronteira ocidental da Turquia para tentar entrar na Grécia por terra e por mar. Há relatos de confrontos violentos entre ambas as partes, isto é, refugiados e militares gregos.
O Presidente da Turquia abriu as fronteiras com a Europa para a passagem de migrantes e refugiados, adiantando que nas próximas horas entre 25 mil e 30 mil pessoas poderiam tentar chegar à Grécia.
Após a abertura de fronteiras, as autoridades gregas comunicaram que impediram quase 10 mil migrantes de atravessar as fronteiras em apenas 24 horas. Segundo a BBC, alguns migrantes arremessaram pedras, barras de metal e botijas de gás lacrimogéneo quando a sua passagem foi impedida. Situação à qual as forças gregas responderam com gás lacrimogéneo.
A polícia grega disse que pelo menos 500 pessoas, transportadas em sete barcos, alcançaram as ilhas de Lesbos, Samos e Chios, onde os campos feitos para receber migrantes já se encontram sobrelotados, incapazes de garantir boas condições sanitárias.
Entretanto, a Grécia suspendeu novos pedidos de asilo para o próximo mês. No Twitter, o primeiro-ministro grego Kyriákos Mitsotákis invocou uma cláusula de emergência referente a um tratado da União Europeia de maneira a “garantir total apoio europeu”.
Our national security council has taken the decision to increase the level of deterrence at our borders to the maximum. As of now we will not be accepting any new asylum applications for 1 month. We are invoking article 78.3 of the TFEU to ensure full European support.
— Prime Minister GR (@PrimeministerGR) March 1, 2020
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 13 mil pessoas abandonaram o território turco com destino à Grécia, pais que se recusa a abrir-lhes as suas portas, prometendo reforçar o controlo das fronteiras e recorrendo ao gás lacrimogéneo para repelir as centenas de famílias que tentam chegar à Europa através do seu território.
Citado pela Euronews, o ministro da Proteção Civil da Grécia, Michalis Chrisochoidis, assegura que “milhares de pessoas estão retidas nas nossas fronteiras. Não chegaram aqui por acaso, foram expulsas pela Turquia. O nosso país vizinho está a explorá-las em benefício próprio”. O reforço de segurança do país não acontece apenas nos 200 quilómetros de fronteira, mas também ocorre ao nível de patrulhas marítimas que aumentaram significativamente.
[Vídeo mostra guarda costeira da Grécia a atacar migrantes]