Os talibãs anunciaram esta segunda-feira o fim da trégua parcial iniciada em 22 de fevereiro e o reinício da sua ofensiva contra as forças de segurança afegãs, dois dias após a assinatura de um acordo histórico com Washington.
O período de redução das violências, que se prolongou por nove dias, “terminou e as nossas operações vão regressar ao normal”, declarou à agência noticiosa AFP o porta-voz dos insurgentes, Zabihullah Mujahid.
Os nossos ‘mujahedin’ não atacarão as forças estrangeiras, mas as nossas operações vão prosseguir contra as forças do governo de Cabul”, prosseguiu.
No domingo, o Presidente afegão, Ashraf Ghani, tinha anunciado o prolongamento da trégua parcial, no mínimo até ao início das discussões inter afegãs, previstas para 10 de março, “com o objetivo de garantir um cessar-fogo completo”.
No entanto, rejeitou um dos principais pontos do acordo assinado no sábado em Doha entre Washington e os insurgentes, uma negociação em que Cabul foi mantido à margem, e relacionado com a libertação de 5.000 prisioneiros talibãs em troca de 1.000 membros das forças afegãs detidas pelos rebeldes.
Esta medida “constituiu um pré-requisito para as discussões inter afegãs”, recordou Zabihullah Mujahid, numa comprovação das dificuldades que se preveem para a obtenção de um compromisso entre Cabul e a liderança talibã. “Estamos em vias de verificar se [a trégua parcial] chegou ao seu termo. Mas até ao momento não foram assinalados ataques significativos“, reagiu Fawad Aman, porta-voz adjunto do Ministério da Defesa.
No entanto, e após estas declarações, a polícia afegã anunciava que uma explosão no leste do país provocou três mortos e 11 feridos, num ataque ainda não reivindicado
“Uma moto armadilhada explodiu esta tarde durante um encontro de futebol no distrito de Nader Shah Kot. Três civis foram mortos e outros 11 feridos”, disse à AFP o chefe da polícia local da província de Khost.
A semana de “redução das violências”, prolongada por dois dias devido à assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e os talibãs, implicou uma redução drástica dos ataques no país asiático.
Segundo os termos do acordo de Doha, os norte-americanos e aliados comprometem-se a retirar todas as suas tropas do Afeganistão num prazo de 14 meses caso os rebeldes respeitem os termos do acordo, incluindo a abertura de negociações entre os insurgentes e Cabul para a obtenção de uma paz duradoura.
Na sequência da assinatura do acordo, os talibãs celebraram em público uma “vitória” contra os Estados Unidos.
Os talibãs foram derrubados do poder por uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos após os atentados de 2001. Desde então, mantêm uma guerra incessante contra as forças multinacionais, depois enquadradas pela NATO.
Segundo a ONU, entre 32.000 e 60.000 civis afegãos foram mortos neste conflito que se prolonga há duas décadas, para além de cerca de 2.000 soldados norte-americanos.