Rui Rio “não tem pensamento nenhum – ou se o tem esconde-o – sobre qualquer matéria de fundo da sociedade portuguesa”, afirmou o líder do PS numa entrevista na edição deste domingo do Público em que acusa o PSD de ter resolvido “adotar a estratégia da guerrilha”.

No âmbito do ciclo de dez entrevistas “Portugal… e agora?”, António Costa foi convidado para falar sobre o futuro, mas acabou por recordar episódios do passado mais recente, tais como os bastidores das recentes negociações para a continuação da “geringonça” com o Bloco de Esquerda e PCP.

Sobre estes dois partidos, Costa considerou estarem “numa incerteza de definição estratégica”.

Quanto à recente mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa sobre não se poder “começar uma legislatura com um estado de espírito de fim de legislatura”, António Costa negou ser o alvo dessas palavras.

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“A mensagem do Presidente era menos para o Governo e mais para a oposição (…) ou para aqueles que hesitam em saber se querem ou não prolongar a geringonça”, defendeu.

Ao longo de oito páginas, o primeiro-ministro abordou muitos outros temas, tais como as oportunidades de uma sociedade mais qualificada, com mais investigação e ciência, ou as dificuldades e desafios do tecido empresarial.

Sobre as empresas, António Costa saudou o trabalho de quem se conseguiu destacar nacional e internacionalmente: “Há uma variedade muito grande de empresas que são campeãs à escala global – ‘Ronaldos do seu setor económico’”.

A maior produtora europeia de insufláveis para diversão, que está em Bragança, ou a “campeã mundial no azeite” foram alguns dos exemplos lembrados pelo primeiro-ministro.

Também a agricultura foi tema de conversa com António Costa a lembrar que em muitas áreas o país passou a ser autossuficiente e até exportador.

O primeiro-ministro apontou o azeite como um “caso exemplar” e a melhoria da qualidade dos vinhos portugueses como um reflexo do aumento de conhecimento de quem trabalha nestas empresas.

No entanto, “não saltaremos de um estágio de desenvolvimento económico para outro, de um dia para o outro”, reconheceu.

“Hoje estamos a discutir a contratação de doutorados pelas empresas. Há trinta anos estávamos a discutir como é que íamos ter doutorados”, recordou.

Para o primeiro-ministro, ainda existe um caminho a percorrer que se deve fazer de forma gradual e sem grandes reformas nem ruturas.

António Costa admitiu que fica “bastante irritado” por ter dificuldade em ser otimista em relação à Europa e deixou um recado: “As lideranças europeias têm de ter a capacidade de serem impermeáveis a estas pressões populistas e xenófobas que podem minar a União”.