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Carros elétricos: da autonomia aos carregamentos

Este artigo tem mais de 4 anos

Um dos maiores receios sobre os carros elétricos é a autonomia. Neste artigo, desmistificamos este e outros assuntos sobre os carros amigos do ambiente.

Sabia que os europeus percorrem, em média, entre 40 e 80 km diariamente nos seus percursos pendulares, entre a casa e o trabalho? Estas são distâncias facilmente cumpridas por qualquer automóvel elétrico disponível no mercado. Portanto, é urgente desmistificar os preconceitos mais resistentes, como os que dizem respeito à autonomia e à rapidez de carregamento. Dependendo das circunstâncias reais de utilização, como o tipo de percurso, o estilo de condução, a ocupação, a utilização de equipamentos auxiliares — como o GPS, a climatização e as aplicações de entretenimento a bordo —, a autonomia de um automóvel elétrico varia consideravelmente. Isto sem contar com fatores atmosféricos, como a temperatura e o vento. Na tomada de decisão, é essencial identificar o perfil de utilização (quantos km/dia? Consecutivos ou por etapas? Em cidade ou em estrada?) e a facilidade de acesso aos postos de carregamento, seja em casa, no emprego ou ao longo do trajeto.

O desenvolvimento da infraestrutura de carregamento e os custos a imputar aos consumidores têm um papel crucial no momento da decisão de mudar para um veículo elétrico. Muitos mostram-se relutantes por causa da autonomia e das dificuldades em aceder aos postos de carregamento. Mas este ceticismo deve tornar-se irrelevante, progressivamente, para a maioria dos condutores europeus, cujo percurso médio diário fica bastante abaixo do limite de autonomia de qualquer automóvel elétrico. Uma pesquisa recente, efetuada na Europa, indica que a distância percorrida diariamente pode ultrapassar 80 km em Espanha e na Polónia, contrastando com o valor mais baixo de apenas 40 km no Reino Unido.

Em Portugal, um estudo realizado em 2016 concluiu que em Lisboa, a distância média diária no percurso casa-trabalho era de 45 km, mais 3 km que no Porto, situando a média nacional num valor próximo de 50 km por dia. Estes números são perfeitamente alcançáveis pelos automóveis elétricos já disponíveis no mercado, mesmo aqueles que assumem uma vocação citadina, como os smart EQ fortwo e forfour, que apresentam autonomia para 135 km. Olhando para a média apurada em Lisboa, poderá circular até três dias sem carregar o smart EQ fortwo ou forfour.

Para facilitar a tarefa de gerir os ciclos de carga da bateria de 96 células, que equipa os smart EQ fortwo e forfour, a marca desenvolveu uma aplicação para smartphone que também é compatível com o Apple Watch. Em qualquer momento, é possível verificar o estado do veículo, através da app smart EQ, acedendo a várias informações, seja acerca do carregamento, da autonomia restante ou mesmo sobre o nível de eficiência do comportamento de quem conduz.  É possível planear os carregamentos para ocorrerem, por exemplo, durante a noite, quando as tarifas são mais económicas. Assim como também fornece indicações sobre os postos de carregamento disponíveis nas proximidades, a identificação do fornecedor de energia e as tarifas praticadas.

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Em Portugal, a rede de abastecimento pública começou a ser desenvolvida no início de 2008 e teve de superar o desafio de desenvolver software e equipamentos customizados para criar todo o sistema, desde a raiz. O consórcio Mobi.E criou um modelo adaptável a qualquer modelo de negócio e configuração de mercado, podendo, por isso, ser exportado para qualquer parte do mundo. O desenvolvimento do sistema permitiu ao país tornar-se um laboratório de inovação à escala real, onde o futuro da mobilidade vem sendo moldado. Trata-se de uma solução inteligente que integra todos os sistemas de carregamento para a mobilidade elétrica numa plataforma única, aberta e universal. Orientado para o utilizador, o sistema disponibiliza uma rede pública de postos de carregamento, à qual se junta o conforto de um carregamento feito em casa ou nos parques públicos, de modo seguro e com baixo custo.  O utilizador pode abastecer o veículo elétrico em qualquer posto disponível, com um único cartão, podendo ainda recorrer a outros serviços associados ao carregamento.

A rede, atualmente em funcionamento, foi determinante para a criação das condições necessárias para o lançamento da mobilidade elétrica em Portugal. A utilização da rede tem vindo a aumentar de forma constante ao longo dos últimos três anos, registando um crescimento de 12% em 2019 ao atingir os 1740 postos de carregamento distribuídos por 103 autarquias e mais de 9.300 utilizadores registados, facilitando assim a circulação de veículos elétricos em todo o território.

Na rede Mobi.E existem, atualmente, 304 postos com potências entre 3 kW e 7 kW, além dos 100 postos semi-rápidos de 22 kW, que vão passar a ser mais de 300 quando o atual plano de expansão estiver concluído.

O consórcio alemão Ionity promete a maior e mais rápida rede de carregamento de veículos elétricos do mundo, quando estiver concluída. Este ano, deverá ser concluído o plano de instalação de 400 postos na Europa, estando, nesta altura, 45 estações em construção que se vão juntar à atual rede de 215 já ativas.

Também estão a crescer as startups que se dedicam a integração de carregadores em postes de iluminação pública, como forma simples e eficiente de ampliar a infraestrutura de rede mais depressa e com menor custo.

Apesar da tendência de crescimento, os veículos exclusivamente elétricos continuam a representar uma pequena quota de mercado a nível global. Talvez por ainda subsistir um conjunto de ideias preconcebidas que acabam por afastar estes carros das opções de compra imediatas: preço elevado, autonomia limitada, tempos de carregamento e o número reduzido de postos de carga em todo o território. Alguns especialistas referem também a falta de sensibilidade de uma grande parte da população para os efeitos da poluição automóvel no meio ambiente.

Em Portugal, 23% das emissões nocivas para a atmosfera são resultado da atividade dos transportes, portanto relacionadas com o sector dos transportes e com a mobilidade das populações. A temperatura global subiu cerca de 0,8 ºC nos últimos 150 anos e prevê-se que continue a subir. Um aumento superior a 2 °C aumenta o risco de ocorrência de alterações letais para os seres humanos e para o meio ambiente à escala planetária. É por tudo isto que conduzir um automóvel elétrico é, cada vez mais, um ato socialmente responsável.

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