Uma primeira reunião a partir das 9h em Portugal (mais uma na Suíça) que vai juntar os representantes de clubes, de ligas e de jogadores. Uma segunda reunião às 12 horas, caso não existam atrasos, desta vez com os líderes das 55 federações nacionais com a representação nacional de Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Uma terceira reunião às 13h, desta vez a juntar o Comité Executivo da UEFA. Tudo sempre por videoconferência. Tudo contado ao minuto para estudar a melhor forma de contar o tempo nos próximos meses. Todas as atenções estavam centradas esta terça-feira na UEFA, de onde deveriam sair as decisões, ou pelo menos as diretrizes, para aquilo que será o futebol a curto e médio prazo no meio de uma pandemia global.

E o que seria decidido? Em termos sintéticos, três pontos: a realização do Campeonato da Europa de seleções conforme previsto entre junho e julho de 2020 ou o adiamento por seis meses ou um ano (o que levaria a novas mudanças, nomeadamente na Liga das Nações e nas qualificações para o Mundial de 2022); a melhor forma de concluir as provas europeias de clubes, a Liga dos Campeões e a Liga Europa; e o modelo mais apropriado e justo para terminar as competições nacionais, como os campeonatos ou as taças. Antes, houve um sem número de hipóteses e rumores que foram surgindo, sobretudo na imprensa espanhola e inglesa; no final, saíram algumas decisões, sendo que, em termos práticos, a única mudança já confirmada foi mesmo a do Europeu.

Em paralelo, num outro continente, essas medidas foram também seguidas por outros órgãos e também a CONMBEOL decidiu adiar a Copa América de 2020, na Argentina e na Colômbia, para o próximo ano.

O que fazer com o Campeonato da Europa de seleções de 2020?

Contexto

O Campeonato da Europa terá um formato distinto nesta edição comemorativa, numa medida que teve ainda a chancela do antigo presidente do órgão, Michel Platini: descentralizar a organização que esteve sempre a cargo de um ou dois países e encontrar um total de 12 cidades para a realização da competição, onde se incluem Baku (Azerbaijão), Roma (Itália), Copenhaga (Dinamarca), São Petersburgo (Rússia), Bucareste (Roménia), Amesterdão (Holanda), Londres (Inglaterra), Glasgow (Escócia), Dublin (Rep. Irlanda), Bilbau (Espanha), Budapeste (Hungria) e Munique (Alemanha). Os jogos foram marcados de 11 de junho (estreia, no Olímpico de Roma) e 12 de julho (final, em Wembley). As meias-finais e o encontro decisivo ficaram concentrados em Londres.

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Hipóteses levantadas

Neste caso, as hipóteses são relativamente fáceis e mereceram unanimidade… mesmo sendo possibilidades: 1) aguardar até ao limite para tentar realizar a prova nos moldes normais, tomando em linha de conta o facto de poderem existir ainda algumas limitações na circulação de pessoas e bens; 2) passar a competição para o verão de 2021, não mexendo em nada na prova mas mudando as datas não só da Liga das Nações de seleções mas também das jornadas de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2022, em dezembro desse ano no Qatar; 3) avançar seis meses no calendário, para realizar o Europeu em dezembro, o que traria outros problemas como a colisão com o novo Mundial de Clubes da FIFA e o próprio clima em alguns dos países organizadores.

Conclusão

O Campeonato da Europa de seleções vai ser adiado, passando para o verão de 2021, uma decisão que, de acordo com o que está a ser veiculado, foi talvez a mais pacífica entre todas as partes perante o atual cenário. Ainda assim, como em tudo nesta fase, há uma “fatura”: foi avançada a hipótese de haver uma compensação por parte das ligas e dos clubes pelo adiamento, na ordem dos 300 milhões de euros, por forma a compensar as perdas que UEFA e sobretudo federações nacionais terão com o adiamento da prova por um ano. A título de exemplo, a Federação previa no seu orçamento quase 14 milhões de euros pelas participações das seleções em competições, sendo que, só como prémio de presença, cada seleção iria receber pela fase de grupos do Europeu 9,25 milhões. As novas datas da competição passam a ser 11 de junho a 11 de julho de 2021.

O que fazer com a Liga dos Campeões e a Liga Europa de 2019/20?

Contexto

Antes da suspensão, e entre alguns encontros que foram realizados à porta fechada ou mesmo adiados antes da suspensão total de todas as provas europeias, foram já apuradas quatro equipas para os quartos da Liga dos Campeões (RB Leipzig, PSG, Atalanta e Atl. Madrid) e existem quatro encontros ainda por disputar dos oitavos (Manchester City-Real Madrid, Juventus-Lyon, Bayern-Chelsea e Barcelona-Nápoles). A isso juntam-se depois os quartos, as meias e a final, num total de 17 jogos que terminam com o encontro decisivo em Istambul. Na Liga Europa, há mais partidas ainda por realizar: o Inter-Getafe e o Sevilha-Nápoles ainda da primeira mão dos oitavos, a segunda mão dos oitavos (Getafe-Inter, Shakhtar-Wolfsburgo, Bayer-Rangers, Wolverhampton-Olympiacos, Manchester United-LASK Linz, Basileia-Eintracht, Roma-Sevilha e Copenhaga-Basaksehir), quartos, meias e final, num conjunto de 23 encontros que acabam na decisão marcada para Gdansk.

Hipóteses levantadas

De forma resumida, também aqui há três possibilidades em cima da mesa, sempre partindo do princípio que será feito um esforço para realizar tudo dentro da normalidade: 1) aproveitar o possível adiamento do Europeu para “empurrar” as datas no calendário e manter todos os compromissos agendados; 2) criar um novo sistema que possa promover a realização de um modelo competitivo em Final Eight ou Final Four com os apurados, como há por exemplo na Liga das Nações de seleções; 3) anular as competições europeias, declarar de forma oficial que não existe um vencedor e focar atenções num arranque de época em 2020/21 o mais “normal” possível.

Conclusão

Ainda sem anúncio oficial, a final da Liga dos Campeões, que se realiza em Istambul em 2020, poderá passar para 27 de junho, ao passo que a final da Liga Europa poderá ser jogada em Gdansk no dia 24 de junho. As datas podem ou não ser confirmadas mediante o trabalho do grupo criado para estudar os calendários de 2019/20.

O que fazer com os campeonatos e taças nacionais em 2019/20?

Contexto

À exceção de alguns casos pontuais, como Turquia, Rússia ou Ucrânia (que ainda assim começam a ter jogos à porta fechada, sendo possível que em breve sejam também suspensos), todos os principais campeonatos foram suspensos, já depois de alguns encontros adiados ou à porta fechada pelo meio. Em média, existem cerca de 10/15 jornadas por disputar e, em algumas ligas, os playoff de apuramento para as competições europeias e para a permanência. Tirando a Premier League, onde o Liverpool está muito perto de conquistar o título, e a Ligue 1, onde o PSG tem uma margem confortável sobre os mais diretos perseguidores, todas as outras ligas têm diferenças curtas entre primeiro e segundo classificado como Espanha, Itália, Alemanha ou Portugal.

Hipóteses levantadas

Ainda antes de haver a decisão oficial da passagem do Campeonato da Europa de seleções para 2021, o que dá uma outra margem a nível de calendário de provas europeias e competições nacionais, três cenários eram levantados com uma probabilidade que agora parece ganhar força: 1) aguardar ao máximo para poder fazer todos os jogos em falta mal seja possível voltar a jogar em segurança, mesmo passando a data limite de 30 de junho se possível; 2) encurtar a forma de encontrar um campeão, num modelo de eliminatórias e playoff; 3) não havendo possibilidade de jogar os compromissos em falta, declarar campeão a equipa que liderava a prova até à suspensão ou, numa outra possibilidade (bem mais remota), a equipa que tivesse chegado ao fim da primeira volta na frente.

Conclusão

Vai ser criado um grupo de trabalho que junta ligas e representantes de clubes que irá estudar o calendário até ao final da temporada, mediante a evolução da pandemia e consoante as possibilidades de cada um dos países.