O Presidente de Governo de Espanha, Pedro Sánchez, anunciou um “plano de choque económico” no valor de 200 mil milhões de euros, referindo-se a este plano como “o maior de sempre em Espanha”.

“O Estado assume a sua posição, mas também os empresários, os trabalhadores, os arrendatários, os senhorios, todos podemos pôr-nos na pele dos outros para travarmos o impacto e abrir uma cadeia de solidariedade que nos fará recuperar o mais cedo possível, e com o maior brio possível, o vigor económico que tínhamos até ter aparecido este coronavírus”, disse Pedro Sánchez.

Esta terça-feira, as autoridades espanholas anunciaram um total de 11.178 casos (com um aumento de 1.987 nas 24 horas anteriores) e entre estes 491 mortes, mais 149 do que na véspera. Além disso, há 563 infetados em unidades de cuidados intensivos. Espanha é o quarto país do mundo com mais casos, atrás apenas do Irão, Itália e China.

Estas são algumas das medidas e promessas feitas pelo chefe do governo espanhol, após uma reunião do Conselho de Ministros:

  • Serão destacados 600 milhões de euros para subsídios e apoios aos mais velhos e vulneráveis. Este valor servirá para suprir necessidades para pagar contas de água, luz e telecomunicações, tal como para cuidados sanitários aos grupos mais expostos;
  • Estabelecimento de uma “moratória do pagamento de hipotecas para as famílias mais vulneráveis”, com o Presidente de Governo a prometer que “nenhuma pessoa numa situação económica difícil perderá a sua habitação” e que “ninguém vai ser despejado”;
  • Os trabalhadores vão poder “adaptar ou reduzir a sua jornada de trabalho até 100%” para auxiliar familiares doentes;
  • Todas as pessoas despedidas terão direito a subsídio de desemprego, mesmo aqueles que não tenham descontado; também os trabalhadores independentes terão direito a esta prestação “em caso de dificuldade económica”;
  • Pedro Sánchez pediu aos empresários que tivessem “em conta estas medidas”, pedindo-lhes: “Não despeçam os trabalhadores, porque esta é uma crise conjuntural”. Ainda assim, em caso de despedimento, as empresas estarão isentas de fazer o pagamento correspondente à segurança social, com Pedro Sánchez a dizer que “esta medida permitirá aliviar as cargas financeiras das empresas e recuperar o emprego quanto antes”.
  • O Presidente de Governo de Espanha prometeu ainda 100 mil milhões de euros para “garantir a liquidez do tecido empresarial”, a serem disponibilizados numa linha de crédito. A este valor, Pedro Sánchez junta ainda uma contribuição de privados, isto é, da banca: “O que permitirá mobilizar entre 150 a mil milhões de euros” no total.
  • Pedro Sánchez referiu ainda que foi alterada a lei sobre o investimento estrangeiro, o que impedirá que empresas de fora da União Europeia comprem ações de empresas de setores estratégicos “aproveitando a queda conjuntural do valor das suas ações”.

Os três “marcos” para o combate do vírus

Antes de anunciar o “plano de choque económico”, Pedro Sánchez falou da crise sanitária que afeta Espanha, tal como tantos outros países na Europa e no resto do mundo.

“Todos temos uma função específica nesta batalha”, disse.

“A função dos trabalhadores de saúde é liderar a luta na primeira linha, com a entrega e profissionalismo que os caracteriza. A função da administração pública é dar-lhes recursos e coordenar neste momento tão crítico. Para os mais velhos, é terem cuidado e protegerem-se. Para os jovens, é manter a distância social. E a das crianças é ouvir as vossas mães e os vossos pais, lavarem as mãos com frequência e manter a higiene”, disse o Presidente de Governo de Espanha.

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De seguida, Pedro Sánchez descreveu aquilo que chamou de “os três marcos” para superar a atual crise em Espanha — todos ainda por alcançar.

O primeiro será “superar o pico de propagação da doença”, para o qual “ainda faltam alguns dias”, disse Pedro Sánchez. “Quanto mais cedo chegarmos a esse ponto, mais perto estaremos da meta final”, disse.

O segundo marco “será quando o número de altas médicas for superior ao de novos infetados”. “Vão passar semanas entre o primeiro e o segundo momento, mas também vamos alcançá-lo, não tenho dúvidas”, sublinhou.

O terceiro e último marco, que colocará o país “perto da vitória”, será “quando os contágios caírem à mesma velocidade a que hoje sobem”. “Esse será o terceiro marco desta batalha, que chegará depois dos dois primeiros”, referiu. E completou que “a vitória só será total quando tivermos uma vacina que permita evitar e eliminar a infeção”.