O Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta segunda-feira, dia 30, trouxe o menor aumento percentual de casos desde que o surto passou a ter pelo menos 100 casos no país, a 13 de março (subida de 7,5%, metade do do que na véspera), numa subida de 446 casos para um total de 6.408. No entanto, o número de mortes não acompanhou esse abrandamento, registando-se mais 21 mortes nas últimas 24 horas, num total de 140 pessoas vítimas de Covid-19 no país. O número de casos recuperados continua a manter o registo dos últimos dias, 43. Ainda assim, há outros dados a registar e que se enquadram com a nova fase de combate à pandemia que tinha sido divulgada pelas autoridades nacionais.

Está a morrer um em cada 50 infetados em Portugal

Por um lado, naquele que é o dado que mais salta à vista, o número de casos no concelho do Porto passou de 417 para 941, um aumento de 125% que terá a ver não só com o aumento de testes realizados (menor na véspera, por ser domingo e nem todos os laboratórios estarem abertos) mas também com o tipo de valores totais expressos no Boletim – este domingo o Porto tinha ainda o asterisco de “Informação reportada pelas Administrações Regionais de Saúde e Regiões Autónomas”, algo que deixou de ter. Por outro, a incidência maior do que é normal entre os novos casos acima dos 70 anos, com 30% de testes positivos. Mais: a faixa etária que registou mais casos nas últimas 24 horas foi de 80 anos para cima, ao contrário do que tem sido normal (50-59 e 40-49).

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O que tem mesmo de saber sobre o coronavírus em Portugal

A análise do Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta segunda-feira, dia 30, pode ser feita através de vários pontos distintos, a saber:

Número total de casos, mortes e recuperados

Menor aumento percentual de casos em Portugal. O Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta segunda-feira, dia 30, aponta para um total de 6.408 pessoas infetadas com Covid-19, mais 446 do que na véspera. Ou seja, um aumento de apenas 7,5%, metade do que na véspera, a que pode não ser alheio o facto de ter sido domingo e de nem todos os laboratórios estarem a funcionar na sua plenitude. O número de mortes no país subiu agora para 140, mais 21 do que no final da última semana (subida de 18%). Já o registo de casos recuperados mantém-se o mesmo em relação aos últimos dias: 43.

Caracterização dos óbitos

90% dos óbitos acima dos 70 anos e nas regiões Norte e Centro. Número de óbitos mantém incidência acima dos 70 anos. Portugal registou mais 21 mortes nas últimas 24 horas, de acordo com o Boletim da DGS, com a incidência maior a fixar-se de novo nas pessoas acima dos 80 anos, com 15 casos, seguindo da faixa 70 a 79 anos, com quatro. De registar que a informação disponibilizada esta segunda-feira não faz ainda referência ao jovem de 14 anos de Ovar que faleceu este domingo em Santa Maria da Feira. Assim, continuam a existir apenas os casos de duas mulheres abaixo dos 50 anos. A nível de regiões, o Norte foi a região com mais mortes, 13, num total de 74, segundo de Centro (34, mais seis), Lisboa (30, mais dois) e Algarve (mantém as duas).

Caracterização do número de casos por região

Subida média de 10% e oito novos casos nos Açores. O Norte voltou a ser a região com maior aumento de casos, 251 em relação a domingo, numa subida de 7% tal como Lisboa e Vale do Tejo (99, num total de 1577) e Algarve (oito, num total de 116). O Alentejo teve um abrandamento na subida verificada na última semana (passou de cinco para 41 casos), com apenas mais quatro casos, e a região Centro tem mais 75 casos, num total de 784. A maior subida verificou-se nos Açores, que passaram de 33 para 41 casos. A Madeira registou apenas mais um caso positivo, passando para 44. A informação sobre estrangeiros infetados deixou de constar do Boletim.

Número de países e casos importados

Nada mudou: 427 casos de 38 países. O número de países e de casos importados não teve qualquer alteração em comparação com as informações da véspera: mantêm-se os 38 países com casos importados, num total de 427 casos identificados com especial incidência para Espanha, França e Reino Unido (já com mais 13 casos do que Itália). A título de curiosidade, aqui fica a lista de todos os países estrangeiros com pelo menos um caso importado registado até ao momento: Alemanha, Áustria, Andorra, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Chile, Cuba, Dinamarca, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Índia, Indonésia, Israel, Irão, Irlanda, Jamaica, Luxemburgo, Malta, Maldivas, Noruega, Países Baixos, Paquistão, Polónia, Qatar, Reino Unido, Rep. Checa, Suíça, Tailândia, Venezuela e Ucrânia.

Número de casos por grupo etário

Uma má notícia: 30% dos novos casos acima dos 70 anos. Apesar de ter sido a subida menos acentuada em termos percentuais em Portugal desde que a pandemia ultrapassou os 100 casos (há 20 dias), a distribuição por idades acabou por adensar uma tendência mais negativa: o maior crescimento deu-se na faixa acima dos 80 anos (mais 78, num total de 657) e 30% dos 446 novos casos positivos foi acima dos 70 anos (total de 1.325).

Número de casos internados e nos cuidados intensivos

Uma subida maior no número de casos internados. Contrariando aquilo que tem sido habitual e que se procura em Portugal nesta nova fase de combate à pandemia, há mais 85 casos internados nas últimas 24 horas, num aumento de 17%, e mais 26 casos em Unidades de Cuidados Intensivos, numa subida de 19%.

Número de casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e a aguardar resultados

Massificação de testes com mais resultados e menos pessoas a aguardar. Os números mostram que estão a ser feitos cada vez mais testes em Portugal, os números revelaram agora que existem menos pessoas à espera de conhecer esses mesmos resultados: comparando o Boletim desta segunda-feira com os valores deste domingo, há mais casos suspeitos (6.164, num total de 44.206) e mais casos não confirmados (6.381, num total de 32.953) mas menos casos sob vigilância (6.303, num total de 11.482) e a aguardar resultado (663, total de 4.845).

Caracterização dos casos por género

Número de mulheres infetadas a crescer. Continua a confirmar-se uma tendência de distribuição por género em Portugal: a percentagem de mulheres infetadas tem vindo a subir de forma ligeira e gradual, com mais 64 mulheres do que homens infetados neste boletim num total de mais 616 mulheres casos positivos em mulheres.

Número de casos por concelho

Porto com mais do dobro dos casos (registados) em 24 horas. Os dez concelhos com mais casos positivos não sofreram alteração mas os números são completamente diferentes: o Porto, que tinha este domingo um total de 417 casos no Boletim com o asterisco de “Informação reportada pelas Administrações Regionais de Saúde e Regiões Autónomas”, perdeu essa nota da DGS e subiu 524 casos (mais 125%), chegando agora aos 941, bem mais do que Lisboa (633, mais 39 do que na véspera). Entre os restantes dados, que também podem ser explicados pela circulação e consolidação da informação, nota para os grandes aumentos de Ovar (82, num total de 241), Matosinhos (41, num total de 295), Gondomar (34, num total de 276) e Coimbra (30, num total de 229).

Caracterização dos casos confirmados por sintomas

Tosse e febre como principais sintomas. Os sintomas apresentados entre os casos de testes positivos (com informação respeitante a 79% desses casos, como é referido) mantêm-se quase inalterados em relação a domingo, com uma preponderância maior de tosse (61%) e febre (51%), seguidas de dores musculares (35%) e cefaleias (29%). Fraqueza muscular (24%) e dificuldades respiratórias (19%) são os sintomas com menor taxa de incidência.