O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertiu esta sexta-feira para as consequências que podem advir de um alívio demasiado precoce das medidas restritivas nos países que estão a lutar contra a pandemia da Covid-19.

Numa conferência de imprensa conjunta com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, Tedros Adhanom Ghebreyesus reconheceu que a pandemia “é muito mais do que uma crise de saúde pública” e mostrou-se “consciente das profundas consequências sociais e económicas da pandemia” motivadas pelas fortes restrições à mobilidade e atividade industrial dos países.

Porém, o diretor-geral da OMS, alertou: “Se os países se apressarem para levantar as restrições demasiado rápido, o vírus pode ressurgir e o impacto económico pode ser ainda mais grave e mais prolongado”.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deixou ainda um apelo a todos os países para que “removam as barreiras financeiras aos cuidados de saúde”.

“Se as pessoas adiarem ou renunciarem aos cuidados de saúde porque não os podem pagar, não só vão prejudicar-se a si próprias como vão tornar a pandemia mais difícil de controlar e colocar a sociedade em risco”, disse o responsável da OMS.

A organização quer que os países reforcem os sistemas de saúde, paguem os salários dos profissionais de saúde e financiem a aquisição de equipamentos de saúde.

Pedimos a todos os países que assegurem que as medidas de saúde pública são completamente financiadas, incluindo a procura de casos, os testes, o rastreio dos contactos, a recolha de informação e as campanhas de comunicação e informação”, apelou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os Estados Unidos da América são neste momento o país onde se registam mais casos de Covid-19 — com mais de 264 mil casos confirmados —, e são um país onde não existe serviço público de saúde.

Mike Ryan, diretor-executivo da OMS, respondeu na mesma conferência de imprensa a uma pergunta sobre a eficácia de usar máscaras em público, dizendo que os países devem dar prioridade a profissionais de saúde na distribuição destes equipamentos, mas também às pessoas que estão doentes e àquelas que têm de cuidar de quem está infetado.

Ao mesmo tempo, Mike Ryan destacou que não há propriamente evidência de que usar uma máscara em público seja eficaz para proteger quem a usa — mas pode ser eficaz para que quem tenha sintomas reduza o número de pessoas a quem pode passar uma eventual infeção. Ainda assim, o responsável da OMS elogia que a discussão produtiva sobre o tema que está a ser feita a nível mundial.

Alerta do FMI. Consequências da pandemia “muito piores” que crise de 2008

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, disse na mesma conferência de imprensa que as consequências económicas da pandemia da Covid-19 serão “muito piores” do que a crise global de 2008-2009.

“Nunca na história do FMI vimos a economia mundial chegar a uma estagnação”, disse Kristalina Georgieva.
A pandemia global deu origem a uma crise “como nenhuma outra”, que obrigará o FMI a recorrer “tanto quanto for necessário” do fundo de um bilião de dólares que tem para situações de gravida extrema.

“Nunca vimos um crescimento tão grande da procura por financiamento de emergência”, acrescentou.

Esta é “a hora mais negra da Humanidade, uma grande ameaça ao mundo inteiro, que requer que nos ergamos, nos unamos e protejamos os mais vulneráveis dos nossos cidadãos”.

Os dados mais recentes apontam para um número de infetados a nível global superior a um milhão de pessoas, com o número de mortes a já ter ultrapassado as 50 mil.