O Governo da Madeira quer máscara facial para a população da região e até admite vir a decretar o “uso obrigatório” deste equipamento de proteção individual no futuro quando as restrições à circulação de pessoas — decretadas para responder à propagação da pandemia do novo coronavírus — forem suavizadas.

Esta segunda-feira em conferência de imprensa, questionado por jornalistas, o presidente da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou que já foram investidos “cerca de oito milhões de euros” em material para o combate ao novo coronavírus e explicou que o objetivo passa mesmo por alargar rapidamente a utilização de máscaras faciais à população em geral. “Estamos a preparar a região e a conceber numa primeira fase termos — o Governo da região — cerca de 250 mil máscaras para uso corrente da população“.

Miguel Albuquerque afirmou ainda que estas “máscaras de uso corrente para a população” são “muito menos sofisticadas” do que as usadas por profissionais de saúde e doentes infetados, “mas são feitas segundo os padrões e recomendações da Direção Regional de Saúde, segundo um modelo adotado em termos internacionais” — e serão reutilizáveis.

COVID – 19

Direto Conferência de Imprensa 6 de abrilAlbuquerque anuncia restrição acrescida na PáscoaMiguel Albuquerque diz que a restrição será intensificada na Páscoa. Agradece a colaboração dos madeirenses e dos porto-santenses e anuncia novas medidas de apoio às empresas e às famílias para a próxima quarta-feira. O presidente do Governo Regional anunciou, há pouco, a intensificação das medidas de restrição no período pascal, nomeadamente ao nível da limitação da circulação de pessoas entre concelhos e mesmo dentro dos próprios concelhos.Miguel Albuquerque falava a partir da Quinta Vigia, em videoconferência, onde solicitou mais um sacrifício a todos os madeirenses e porto-santenses, para que cumpram as medidas impostas pelo Governo, que fizeram com que tenha sido possível manter, até agora, «sob controlo a disseminação massiva da pandemia na Região».O governante recorda que a grande maioria dos casos na Madeira deveu-se ao não cumprimento «escrupuloso das regras de distanciamento local e de isolamento», embora sublinhe que a população em geral tem, felizmente, cumprido com as regras.O líder madeirense aproveitou ainda para enaltecer o trabalho das autoridades de saúde e das forças de segurança.A propósito, Miguel Albuquerque lembrou que «quem viola o isolamento social incorre no crime de desobediência». E anunciou que nesta Páscoa «serão realizadas operações de controlo de tráfego, nomeadamente operações STOP, dado que estamos numa altura crucial no controlo das contaminações».O chefe do Executivo madeirense reitera que a prioridade é salvaguardar a Saúde Pública e as pessoas e garantir que a situação continue a ser monitorizada pelas Autoridades de Saúde. Depois, sublinha, virá o tempo de outras prioridades.Quanto às perdas da Região, o governante assume que «a estimativa vai depender muito da evolução da situação pandémica». «Se olharmos para o PIB (Produto Interno Bruto) da Região, numa situação de paralisia a Região perde 430 milhões de euros por mês», recordou.«A construção civil e o turismo parados significa uma perda diária de 8 milhões de euros e uma perda de 130 milhões na construção e 112 milhões no turismo», acrescentou.Até hoje, 533 empresas já tinham pedido lay-off, abrangendo cerca de 7 mil trabalhadores.De forma a responder a esta crise e ajudar as empresas e defender os postos de trabalho, a Região está, anunciou, a «aprovar um novo conjunto de apoios», que serão aprovados na próxima quarta-feira, em conselho de Governo.O governante esclareceu ainda que o Governo Regional já adquiriu cerca de 40 mil máscaras destinadas aos profissionais de saúde e aos doentes, num investimento global que ascende a cerca de oito milhões de euros.Nos próximos dias, deverão estar disponíveis mais 250 mil máscaras, para toda a população. Que serão distribuídas em data a anunciar a 14 de abril. E admitiu que será preciso decretar o uso obrigatório de máscara.Miguel Albuquerque disse ainda que a Região continua a aguardar resposta ao pedido feito pelo Governo Regional para a suspensão da Lei de Finanças Regionais, para a moratória no pagamento da dívida do PAEF e para aval para crédito. Mas, diz compreender a demora, uma vez que a situação nacional não é fácil e que há muita questão a resolver pelo Governo da República, pelo primeiro-ministro e pelo Presidente da República. Contudo, afirmou confiar na solidariedade nacional quer da União Europeia.Quanto a denúncias de eventuais irregularidades em algumas escolas da Região, apresentadas hoje pelo Sindicato de Professores, Miguel Albuquerque diz que todas estas questões, bem como outras quaisquer irregularidades em outros sectores, estão a ser acompanhadas e averiguadas pela Inspeção do Trabalho.E diz que «a Inspeção do Trabalho e a ARAE têm instruções claras para fazer cumprir as regras e para garantir que não há abusos sejam e quem for».O líder madeirense disse ainda não estar ainda tomada qualquer decisão em relação ao prolongamento da norma que permitiu a suspensão do pagamento de água e da luz, sublinhando que há outras medidas para apoios às famílias a serem ultimadas e que serão brevemente anunciadas. Água e luz: isentámos as rendas sociais e dos nossos inquilinos comerciais. Por exemplo, o pagamento das rendas de estudantes que estão a estudar em Lisboa, cujos encarregados de educação foram atingidos pela crise. E serão ainda apoiados os recibos verdes…Foi ainda anunciado que a Região aguarda a posição do Governo da República acerca do início das aulas. No entanto, defende que o começo deveria ser o mais breve possível e sublinhou que a Região já tem tudo preparado para tal e até já chegou a acordo com a RTP Madeira para a transmissão das aulas. «Está tudo preparado, mas temos de aguardar a decisão nacional», disse.Miguel Albuquerque esclareceu ainda que o Governo adiantou o pagamento das mensalidades às escolas privas, com base num custo médio mensal. «Não podemos é assumir mensalidades a preços proibitivos», avisa.O governante diz ainda que o confinamento é também obrigatório para os sem-abrigo…Por outro lado, confirmou que a Região celebrou um contrato para a aquisição de 100.000 testes de diagnóstico da Covid-19 aos EUA, por 1,2 milhões de euros.Contudo, na sequência do embargo decretado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, à exportação daquele tipo de material, esse envio pode estar em dúvida.

Posted by Governo Regional da Madeira on Monday, April 6, 2020

De acordo com o site oficial do Governo da Madeira, a população residente no final de 2018 no arquipélago era de 253.945 pessoas. Somando-se o número de 250 mil máscaras para a população em geral ao número de máscaras (de características distintas) previstas para profissionais de saúde e doentes infetados com o novo coronavírus, é possível perceber que a ideia será ter a totalidade ou quase a totalidade da população com este equipamento.

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Esperamos no dia 14, 15 [de abril] termos já 250 mil máscaras destas“, referiu, levantado uma hipótese de futuro sem se comprometer já com ela: “Numa fase posterior, à medida que as restrições à circulação forem sendo [levantadas], penso que vamos ter de decretar possivelmente (…) um cenário onde o uso da máscara será obrigatório. Neste momento é prematuro falar disso. Mas a situação está equacionada.”

O Presidente da Região Autónoma da Madeira disse ainda que já “foram adquiridas cerca de 40 mil máscaras” para utilização por profissionais de saúde e doentes com Covid-19. Já sobre estas máscaras para “uso corrente”, explicou: “A maioria está a ser fabricada aqui na região. É um objetivo termos a população com cobertura quase total destas máscaras, que podem ser reutilizadas também. Algumas delas até vamos pedir [apoio] àqueles que possam fazer as máscaras em casa. Vamos distribuir um pequeno vídeo onde se ensina a fazer as máscaras, qual o material a ser utilizado e quais os padrões que estão em consonância com aquilo que é recomendado pela Direção e autoridades de saúde”.

535 empresas pediram lay-off, PIB cai 430 milhões ao mês

Já sobre a propagação das infeções na Madeira, que regista agora 47 casos de infeção confirmada com o novo coronavírus, o político social-democrata apontou: “Os casos de contaminação detetados até agora resultaram de casos importados e transmissão local. Estes últimos, os de transmissão local, a esmagadora maioria [aconteceram] devido ao não cumprimento escrupuloso das orientações de distanciamento social e isolamento“.

Relativamente ao impacto já estimado para a economia da região, Miguel Albuquerque referiu: “A estimativa vai depender muito da evolução da situação pandémica. Temos contas que são fáceis de fazer: se olharmos para o PIB (Produto Interno Bruto) da região, numa situação de paralisia a região perde cerca de 430 milhões de euros por mês no PIB. A construção civil e o turismo parados significam perdas por dia de 8 milhões d euros no PIB; por mês 130 milhões a construção civil e cerca de 112 milhões de euros o turismo. Até hoje, cerca de 533 empresas já tinham pedido o lay-off, abarcando cerca de sete mil trabalhadores”. No entanto, lembrou, “não há economia sem pessoas e sem pessoas saudáveis”, pelo que “em primeiro lugar vamos tratar das pessoas e salvaguardar a saúde pública”.

Miguel Albuquerque deixou uma mensagem aos cidadãos relativa ao período da Páscoa: “Devíamos evitar de todas as formas as habituais reuniões e convívios familiares, para salvaguarda da segurança e saúde de todos nós. É importante termos a noção que este vírus tem efeito ainda mais devastador nos nossos idosos e naqueles que já têm outras doenças”