“Os Estados Unidos da América têm sido um generoso amigo de longa data, e esperamos que continue assim. Lamentamos a decisão do presidente dos Estados Unidos de suspender o financiamento à Organização Mundial da Saúde”. Foi com este discurso que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu, abriu a conferência de imprensa, nesta quarta-feira, e respondeu à decisão de Donald Trump de interromper o financiamento à agência da ONU. Os Estados Unidos canalizavam, todos os anos, mais de 400 milhões para a OMS, sendo que aquela era a principal contribuição à organização.

Do ponto de vista de Donald Trump, a OMS fez uma “má gestão” da Covid-19 e “favoreceu a China” nesta crise. “Se a OMS tivesse feito o trabalho de enviar especialistas à China para, objetivamente, avaliar a situação no terreno e denunciar a falta de transparência da China, a pandemia teria sido contida na fonte com muitas poucas mortes”, afirmou Donald Trump, na terça-feira.

“Má gestão”, “ocultação” e acusações piores: Trump arrasa OMS e diz que EUA deixam de a financiar

Em resposta, Tedros Ghebreyesu admitiu que, no devido tempo, o desempenho da OMS no combate a esta pandemia será analisado pelos Estados Membros e pelos órgãos independentes “de forma a garantir a transparência e a prestação de contas”. E foi ainda mais longe: “Sem dúvida que vão ser identificadas áreas a melhorar e haverá lições para todos nós aprendermos. Mas, por enquanto, o nosso foco – meu foco – é parar o vírus e salvar vidas”.

Nesse sentido, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde adiantou que a OMS está a trabalhar com parceiros em todo o mundo para acelerar a pesquisa, o desenvolvimento, a produção e a distribuição de vacinas. “Mais de 90 países aderiram ou manifestaram interesse em ingressar no Estudo de Solidariedade e mais de 900 pacientes já foram inscritos para avaliar a segurança e a eficácia de quatro medicamentos e combinações de medicamentos”. Ghebreyesu explicou que três vacinas já iniciaram ensaios clínicos e mais de 70 estão em desenvolvimento. A OMS convocou ainda grupos de médicos para analisar o impacto dos corticosteróides e outros anti-inflamatórios nos resultados do tratamento à Covid-19. Estão também a a ser analisadas estratégias de uso e ventilação de oxigénio em pacientes. “Qualquer intervenção que reduza a necessidade de ventilação e melhore os resultados para pacientes críticos é importante – especialmente em ambientes com poucos recursos”, concluiu o diretor-geral da OMS.

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