Horas depois de ter defendido que “não há provas” científicas de que quem contrai o novo coronavírus fica protegido de uma segunda infeção, a Organização Mundial da Saúde (OMS) veio clarificar a posição. Diz agora que “é expectável” que as pessoas infetadas desenvolvam anticorpos — o que não se sabe é “o nível de proteção nem quanto tempo durará”.
No sábado, a OMS escreveu, em comunicado, que “não há provas de que as pessoas que recuperaram da Covid-19 tenham anticorpos e estejam protegidas de uma segunda infeção“. O alerta era dirigido aos governos que ponderam criar os chamados “passaportes de imunidade”, para permitir o regresso ao trabalho de pessoas que já estejam curadas, partindo do princípio de que estão imunes.
Numa outra publicação, horas mais tarde, a OMS refere que as declarações causaram “preocupação, pelo que gostaríamos de clarificar”. Na nova mensagem, escrevem: “É expectável que a maioria das pessoas que estejam infetadas com Covid-19 desenvolvam anticorpos que permitirão ter algum nível de proteção”. O que não se sabe, frisa a OMS, “é o nível da proteção nem quanto tempo durará”. “Estamos a trabalhar com cientistas de todo o mundo para perceber melhor a resposta do corpo à infeção da Covid-19. Até agora, nenhum estudo respondeu a estas questões importantes.”
What we don't yet know is the level of protection or how long it will last. We are working with scientists around the world to better understand the body's response to #COVID19 infection. So far, no studies have answered these important questions. pic.twitter.com/DisLjWCa4U
— World Health Organization (WHO) (@WHO) April 25, 2020
Uma das declarações que causaram “preocupação” foi a ideia de que dar às pessoas que já foram infetadas o direito a viajar ou trabalhar “pode, por consequência, aumentar os riscos de uma transmissão continuada”.
Nas últimas semanas, foram divulgados estudos da Coreia do Sul, do Japão e da China, que dão conta de pessoas que voltaram a testar positivo depois de, aparentemente, terem recuperado, o que está a levantar muitas dúvidas sobre a imunidade, mas também sobre a eficácia dos testes realizados nas amostras estudadas.
Países como o Chile, a Alemanha e o Reino Unido já disseram que estão a estudar os “passaportes de imunidade” para os doentes recuperados, de forma a libertar pessoas para o mercado de trabalho.